Vozes do Metal em Porto Alegre

Vozes do Metal em Porto Alegre

Bruce Dickinson, a voz do Iron Maiden, estará no Auditório Araújo Viana

Chico Izidro

Bruce Dickinson se apresenta em Porto Alegre na terça em concerto com orquestra e em tributo a Jon Lord e ao Deep Purple

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É uma semana de presente de Páscoa atrasado para os roqueiros gaúchos. Nesta próxima semana três grandes vocalistas do Heavy Metal se apresentam em Porto Alegre. Na terça-feira, dia 25, Bruce Dickinson, a voz do Iron Maiden, estará no Auditório Araújo Viana, e dois dias depois, será a vez do alemão Udo Dirkschneider, ex-Accept, e Tim ‘Ripper’ Owens, ex-Judas Priest, no palco do Opinião. Serão dias para não serem esquecidos. 

O carismático Bruce Dickinson, porém, vai passar longe da banda que o consagrou - ele entrou no Iron Maiden em 1981, a deixou em 1992 e voltou em 1999 para nunca mais sair. Em seu show, o cantor vai fazer uma homenagem ao tecladista do Deep Purple, Jon Lord (1941-2012), com o espetáculo Concerto For Group And Orchestra, criado pelo músico e lançado como um álbum ao vivo do Deep Purple, com a participação da Royal Philharmonic Orchestra, dirigido por Malcolm Arnold e gravado no Royal Albert Hall de Londres, em setembro de 1969. "Concerto" é o primeiro disco a contar com Ian Gillan nos vocais e Roger Glover no baixo. Foi lançado em vinil em dezembro de 1969. A apresentação foi uma das primeiras combinações de rock com uma orquestra completa. Em 2012, a obra ganhou um registro em estúdio. Agora, Dickinson vai reproduzir o concerto, tendo ao lado uma banda formada por John O’Hara (Jethro Tull) nos teclados, Tanya O’Callaghan (Whitesnake) no baixo, Kaitner Z Doka (Jon Lord, Ian Paice) na guitarra, Bernard Welz (Jon Lord, Don Airey) na bateria e Mario Argandonia (Scorpions) na percussão. Além disso, o show terá uma orquestra sinfônica de mais de 80 instrumentistas conduzida por Paul Mann, montada especialmente para a ocasião. 

Como o show deve ser o mesmo que Dickinson apresentou em São Paulo durante esta turnê brasileira, o vocalista vai cantar seu clássico "Tears of the Dragon", uma das favoritas da sua carreira solo, presente no disco "Balls of Picasso, de 1994. Bruce também irá tocar a versão para "Jerusalem", música baseada em antigo poema de William Blake, "And did those feet in Ancient Times", que relata a mítica história de uma visita de Jesus Cristo a Inglaterra. A faixa é usada na Terra do Rei em diversos esportes, e existe até uma proposta para que ela se torne o hino nacional do país - que oficialmente não possui um hino.

Na sequência do espetáculo, Bruce Dickinson promete agitar o público com músicas do Deep Purple, uma de suas principais influências - "Pictures of Home", "When a Blind Man Cries", ambos do do disco clássico "Machine Head" (1972), "Hush", presente no o álbum de estreia da do Deep Purple, em 1968, e "Perfect Strangers", do trabalho homônimo e de retorno da banda, após hiato de oito anos, em 1984. No bis, deve ter "Smoke on the Water", também do “Machine Head”, e a primeira música que aprendi a tocar na guitarra, e o final fica com outro petardo, "Burn", do disco homônimo de 1974. 
Já na quinta-feira, dia 27, o Opinião certamente irá tremer quando subirem ao palco Tim ‘Ripper’ Owens e Udo Dirkschneider. O repertório do show inclui vários clássicos de suas antigas bandas, ou seja, composições de Judas Priest e Accept, respectivamente. Além disso, a dupla vai tocar também clássicos do rock'n'roll.

Owens é conhecido por ter substituído Rob Halford no Judas Priest nos anos 1990 e atualmente é o vocalista da banda KK Priest, capitaneada pelo guitarrista K. K. Downing. Sua vida também serviu de base para o filme "Rock Star", de 2001, com Mark Wahlberg e dirigido por Stephen Herek. “Cantarei umas oito ou nove músicas do Judas Priest, daí o Udo canta umas oito ou nove do Accept. E no final, cantamos uma meia dúzia de clássicos do metal juntos”, disse Owens, 55 anos e nascido em Akron, Ohio (EUA), em 1967. Ele entrou no Judas Priest no começo do anos 1990 e participou de dois discos do grupo britânico, “Jugulator” (1997) e “Demolition” (2001) - os dois álbuns não estão disponíveis nas plataformas digitais - além do disco e vídeo ao vivo “Live In London” (2002/03). Em 2001, o Judas Priest esteve se apresentando no Opinião, com Tim 'Ripper' Owens no vocal. Ele saiu da banda quando Rob Halford acertou o retorno em 2004. 

Por sua vez, o alemão Udo Dirkschneider é um espetáculo à parte. O vocalista alemão, hoje com 71 anos e nascido na cidade de Wuppertal, fundou o Accept em 1972, tendo participado dos seis primeiros discos de estúdio da banda alemã: "I'm a Rebel" (1980), "Breaker" (1981), os clássicos "Restless and Wild" (1982) e "Balls to the Wall" (1984), "Metal Heart" (1985) e "Russian Roulette" (1986). "Restless and Wild" com sua faixa de abertura "Fast as a Shark" é considerado o pontapé inicial do gênero thrash metal e do power metal, e com "Balls to the Wall", o Accept obteve o estrelato mundial. Porém, em 1987, Udo foi demitido da banda que criou, iniciando carreira solo com o seu grupo U.D.O. e o álbum "Animal House", com músicas dispensadas pelo Accept. Ele ainda retornaria ao grupo alemão nos anos 1990, participando de três discos, "Objection Overruled" (1993), "Death Row" (1994) e "Predator" (1996), mas depois seguiria firme em sua carreira solo, já tendo lançado mais de 15 trabalhos de estúdio. 

Aliás, há algumas semanas, a banda U.D.O. anunciou a entrada oficial do baixista Peter Baltes, um dos membros fundadores do Accept, na vaga de Tilen Hudrap, que adoeceu. Baltes, 65 anos, havia se aposentado em 2018. O baixista largou uma nota sobre sua entrada no grupo do amigo de décadas: “Desde minha saída do Accept, eu me mantive muito ocupado escrevendo e gravando para produções de cinema/TV e vários artistas ao redor do mundo. Foi assim que me reconectei com Udo, pois trabalhei em seu álbum solo My Way. Por conta desse trabalho, Udo me ligou para substituir seu baixista lesionado, e eu não hesitei. O set list tinha principalmente músicas de sua banda, as quais eu não estava familiarizado, e algumas músicas do Accept", disse.

Por sua vez, Dirkschneider afirmou: “Tenho uma amizade muito longa com Peter Baltes, que nunca foi ofuscada pelos desentendimentos com o Accept, nos últimos anos. As discussões eram exclusivamente com outra pessoa (o guitarrista Wolf Hoffmann) e sua esposa. Os outros membros do Accept sempre estiveram unidos em amizade", disparou. Udo ainda debochou sobre a situação: "Eu não quero dizer nada errado, mas acredito que nós no U.D.O. somos mais Accept que o próprio Accept, atualmente. Só tem um integrante original lá, que é o Wolf Hoffmann, o que é interessante, muito interessante, na verdade”, finalizou. 

Só esperando ouvir "Balls to the Wall" e "Princess of the Dawn" na voz de Udo ao vivo.


Correio do Povo
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