Uma bela reflexão de Lelei Teixeira

Lelei Teixeira, que já tem livros brilhantes – e emocionantes – publicados, nos oferece mais uma joia produzida por ela. É encantadora, super inteligente e sempre muito a par do que vem acontecendo no país. Vale a pena “colecionar” e reler sempre que possível. E não esquecer que ela é maravilhosa em todos os ângulos do que faz, pensa, escreve.
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“A condição humana me comove e me assusta. Sinto vergonha e dá uma dor danada. O que é o Brasil hoje? Um país que desconheço. Sem princípios, sem alteridade, sem respeito, sem amor. O que dizer das mortes brutais e insensatas que invadem o nosso cotidiano?
O congolês Moïse Kabamgabe foi assassinado a pauladas na Barra da Tijuca/RJ. E o supridor Durval Teófilo Filho foi assassinado por um sargento da Marinha, Aurélio Alves Bezerra, quando ambos chegavam ao condomínio onde moravam. À polícia, o militar disse que “a localidade é perigosa e costuma ter muitos assaltos”. Durval era negro e o militar, que provavelmente nunca havia olhado para ele, atirou covardemente de dentro do carro e quando Durval já estava no chão atirou novamente. E esta é a nossa triste realidade, elitista e preconceituosa!
Trabalhadores na desenfreada labuta diária, em busca de um lugar de dignidade, são vítimas da prepotência branca e do porte de armas autorizado pelo governo. A covardia armada, militarizada e sem escrúpulos. Até quando?
Tantas incertezas. Tantas faces. Tantos desafios. Tanta crueldade. Tanto preconceito. Poucos olhares acolhem as diferenças. Mas mesmo diante de tanta desesperança, sinto que não estamos inertes. A luta contra a discriminação e a vontade de mudar estão presentes e nos movem. Se tudo está escancarado, se as máscaras estão caindo uma a uma, a hora é de recomeçar outra história, de rosto sereno, sem medo e com firmeza — os pés fincados na transparência, no respeito e na justiça.”
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E este texto é dos mais tocantes e inspiradores assinados por ela. Que bom poder acordar num domingo e ter essa joia para ler. Tenho certeza que o talento de Lelei não se esgota aqui e que eu possa ter a alegria e a felicidade de ler muitos mais. Obrigado, Lelei!