8 de janeiro

8 de janeiro

Um dia, quem sabe, a gente tenha acesso à história completa, sem versões ou narrativas

Guilherme Baumhardt

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Ganha cada vez mais corpo a tese de que o governo federal sabia, mas nada fez para conter as invasões e depredações de Congresso, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto, no último dia 8 de janeiro. Novas evidências neste sentido surgem a todo instante. Se sabia, por que não agiu? Foi caso pensado? A desordem seria bem-vinda para produzir mais censura e perseguição? São perguntas que precisam de respostas. Aliás, respostas que poderiam surgir, por exemplo, em uma Comissão Parlamentar de Inquérito, com poder de quebrar sigilo telefônico, convocar autoridades a depor, entre outras ferramentas. Tentativa de CPI que foi imediatamente soterrada pela base governista. Outra pergunta importante a ser respondida: eram apenas “bolsonaristas” ou havia, também, gente infiltrada? Um dia, quem sabe, a gente tenha acesso à história completa, sem versões ou narrativas.

Insistência
A militância (nas redações, inclusive) tenta a todo custo encontrar razões que possam levar ao impeachment do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Primeiro, uma colunista de um jornal de São Paulo conseguiu ignorar o fato de o Brasil ter fechado 2022 com inflação inferior a Estados Unidos e Comunidade Europeia, dizendo que o presidente do BC poderia ser exonerado por isso. Aliás, a colunista ignorou também um pequeno evento de escala mundial chamado pandemia, um detalhe. Agora, o fato de Campos Neto ter comparecido para votar usando uma roupa verde e amarela virou motivo para questionar a legitimidade dele no cargo. Ou seja, querem a todo custo contemplar o desejo lulista de ver o atual presidente do BC fora do cargo. Se eles conseguirem o que querem, quem sairá perdendo será o país.

Dois pesos...
O fato de haver, no comando do Ministério da Cultura, uma ministra que deve dinheiro aos cofres públicos não desperta 1% da ira, indignação e cobrança que se vê em algumas redações Brasil afora como no caso de Campos Neto.
Troca de nome
O BNDES sob a gestão petista deveria mudar de nome. O N (de Nacional) deveria dar lugar à letra I (de Internacional). Seria mais coerente com a política que vem sendo anunciada. Lula já sinalizou dinheiro, mais uma vez, para os amigos do rei. Países vizinhos e alinhados ideologicamente sorriram. Para completar, tentou "passar um cachorro". Disse que a inadimplência de Venezuela e Cuba começou pelo rompimento da gestão Jair Bolsonaro com os respectivos países. O calote iniciou quando Michel Temer era presidente.

O amor não venceu?
Como se não bastasse, há um duro golpe contra o agronegócio, setor que impulsionou o crescimento da economia brasileira ao longo dos últimos anos. Para os vizinhos, a sinalização de dinheiro. Para o agro brasileiro, contingenciamento anunciado pelo BNDES. Ou seja, o campo deverá amargar redução de produtividade caso a política de restrição se mantenha. Financiamentos de máquinas e projetos de irrigação sofrerão um baque. Fica a sensação de que se trata de vendeta. Como o campo votou pesadamente em Jair Bolsonaro e tem ojeriza a Lula, cabe a pergunta: é vingança? O amor não havia vencido o ódio?


Bolso
Vale para qualquer setor e no agronegócio não é diferente. Sempre que a produtividade cai, produtos ficam mais caros. Ou seja, o boicote produzido via BNDES ao setor vai implicar na perda de competitividade brasileira. Produzir ficará mais caro. E se fica mais caro produzir, os preços nos supermercados não ficam imunes ao fenômeno.

Piada...
Fez sucesso entre os leitores a piada (já antiga) contada na coluna da última quinta-feira. Há outras tantas, algumas delas imortalizadas por Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos, na década de 1980.

...soviética
Para tentar alegrar o final de semana dos leitores, segue mais uma. O sujeito morre e, como não era boa pessoa, vai para o inferno. Como o paraíso já não cabia mais a ele, ao menos havia a opção de escolher entre o inferno capitalista e o socialista. No material informativo, ele se depara com dois panfletos descrevendo cada uma das opções. E, para surpresa do sujeito, eram absolutamente idênticos. Nos dois casos ele seria amarrado a trilhos, que eram aquecidos a temperaturas insuportáveis. A cada cinco minutos um trem passaria sobre o seu corpo. Em voz baixa, ele pergunta: “Se não há diferença, porque escolher entre um e outro?”. Ao lado, um ajudante do capeta diz: “Se eu puder dar uma dica, fique com o socialista. Esse negócio de trilhos aquecidos é mentira porque não há energia e a promessa de trem a cada cinco minutos só existe na propaganda do governo”.


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