A tragédia de Blumenau

A tragédia de Blumenau

Em Blumenau, Santa Catarina, um celerado (com extensa ficha criminal) pula o muro de uma escola infantil e, utilizando um machado, mata quatro crianças, com idades entre 3 e 7 anos.

Guilherme Baumhardt

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Em Blumenau, Santa Catarina, um celerado (com extensa ficha criminal) pula o muro de uma escola infantil e, utilizando um machado, mata quatro crianças, com idades entre 3 e 7 anos. Outros quatro alunos, duas meninas (ambas com 5 anos) e dois meninos (5 e 3 anos), são feridos e levados ao hospital, onde recebem atendimento. Até o fechamento desta coluna, eles apresentavam quadro de saúde estável. Estamos diante de mais um momento em que a vida real atropela narrativas e o mundo da fantasia que habita a cabeça de esquerdistas.

Ao olharmos manifestações de gente que deveria trabalhar para enfrentar o problema, encontramos de tudo. Inclusive lacração e narrativa. Exemplo? O prefeito de São Leopoldo e ex-deputado, Ary Vanazzi (PT), encontrou espaço para fazer política após quatro crianças serem mortas a golpes de machado: “Mais uma vez crime bárbaro contra crianças em SC. É necessária uma avaliação urgente de valores de sociedade, combater visão armamentista que é quase dominante por lá, onde extrema direita facista (SIC) tem muita influência”.

Vanazzi achou que era uma boa hora para tecer críticas às escolhas políticas dos catarinenses – que nunca elegeram a esquerda para comandar o Estado.

O ministro da Justiça, Flávio Dino, um desarmamentista, ignorou o fato de que nenhuma arma de fogo foi utilizada pelo assassino: “Minha solidariedade profunda às famílias das vítimas dos crimes em Blumenau. Como pai, sinto a dor na alma, pois a conheço. Estarei com o presidente Lula daqui a pouco para o debate de medidas de apoio aos estados, municípios, escolas privadas e suas comunidades”. Não espere soluções concretas desta turma. Eles adotam um comportamento muito similar aos seus pares nos Estados Unidos – leia-se Partido Democrata.

O leitor, inteligente que é, sabe que a questão armamentista não é o problema. Mas pode ser a solução. Não foram armas de fogo que mataram crianças, em Blumenau. Não foi um revólver, uma pistola ou uma espingarda que tirou a vida de uma professora de 71 anos, em São Paulo, no mês passado. Em mãos erradas, um carro pode matar. Nas mãos certas, uma arma tem a capacidade de salvar a vida de um inocente.

Por trás de tragédias assim podem estar episódios de bullying, ausência de estrutura familiar, preconceito e segregação. E pode ser que a origem seja outra – nenhuma delas justificável. É importante, sim, entender o porquê de episódios assim virarem rotina. Mas tão ou mais importante é adotar medidas eficazes para que não se repitam no curto prazo.

Nos Estados Unidos, a iluminada esquerda acreditou que poderia acabar com os tiroteios em massa estabelecendo gun free zones (áreas livres de armas). Os sábios pensaram que assassinos respeitariam a lei. Tudo que conseguiram produzir foram chacinas ainda piores. Aqueles que respeitaram a legislação e que poderiam servir de freio para um delinquente armado estavam... desarmados!

Foi o que ocorreu em Buffalo (Estado de Nova Iorque, nos Estados Unidos), no ano passado. A regra local proíbe que cidadãos andem com determinadas armas carregadas em locais públicos, mesmo que devidamente registrados e habilitados. A restrição está sendo apontada como uma das razões pelas quais um atirador escolheu a região para promover um ataque em que matou dez pessoas, em um supermercado.

Dizer que a sociedade está doente é caminho mais fácil e preguiçoso. Não resolve nada. Segurança armada em escolas? Talvez seja um caminho inevitável.

Em instituições privadas, desde que a lei autorize, passa a ser um assunto a ser debatido entre pais e a direção da instituição. Mas e em colégios e creches estatais? Teremos efetivo suficiente para proteger nossas crianças? Quando vamos manter na cadeia gente que precisa permanecer presa, sem condições de viver em sociedade?

Eu era estudante da rede pública de ensino e havia uma onda de violência rondando escolas estaduais. Lembro que a saída encontrada à época (estamos falando de governo Antônio Britto) foi convidar policiais militares aposentados para o cumprimento da missão, mediante pagamento de um bônus.

Algo precisa ser feito. Aos pais, familiares e amigos das crianças vítimas da tragédia de Blumenau, o meu mais profundo pesar.

 


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