Bibelô

Bibelô

A ONU hoje não passa de um bibelô.

Guilherme Baumhardt

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O mundo olha com temor e apreensão para os desdobramentos da contra ofensiva liderada pelo Estado de Israel contra o Hamas. Enquanto escrevo estas linhas, tanques, soldados e artilharia pesada aguardam um comando para entrar na Faixa de Gaza e, assim, localizar terroristas e, com sorte, libertar aqueles que foram sequestrados e submetidos a todo tipo de tortura – física e psicológica.

E a Organização das Nações Unidas neste cenário? Nada. Uma ou outra nota aqui e acolá, dentro daquele linguajar diplomático que na maioria das vezes vai do nada a lugar algum. “Repudiamos” é expressão recorrente, como se tivesse alguma força. Fico imaginando terroristas armados até os dentes lendo um texto assim. Minha dúvida é se os bárbaros soltam uma gargalhada ou se cospem no pedaço de papel ou na tela do telefone.

Na última sexta-feira, uma longa reunião do Conselho de Segurança da entidade foi convocada pelo Brasil – que ocupa temporariamente a presidência. O resultado? Nada. O encontro terminou sem acordo. Vamos além: como a ONU até hoje não classificou o Hamas como grupo terrorista, isso vira rota de fuga para a esquerda dominante negar o óbvio. Não à toa, petistas soltaram ao vento a pérola: “Se a ONU não reconhece, quem sou eu para tal?”. São os míopes de ocasião, que fingem não ver 1.400 cadáveres de civis israelenses, vítimas do Hamas.

Para a distinta Organização das Nações Unidas e para a patota da esquerda, produzo aqui um socorro, baseado no bom e velho dicionário. Terrorismo nada mais é do que o “uso sistemático da violência como meio de repreensão”, segundo o bom e velho léxico. Precisa mais? Vamos além. Trata-se de “ato de violência contra um indivíduo ou uma comunidade, com o objetivo de provocar transformação na radical na ordem estabelecida”, ou ainda “atitude de intolerância por parte de indivíduo ou grupo com aqueles que não compartilha suas convicções políticas, artísticas ou religiosas”. Aos que não tiverem preguiça, procurem o manifesto do Hamas e cruzem o texto (que prega o extermínio dos judeus e o fim de Israel) com as definições acima. Não é tarefa difícil.

Desde a sua fundação, doses gigantescas de esperança foram depositadas na entidade, especialmente na mediação de conflitos. Na página principal, na Internet, o texto de abertura é bastante direto. “Nações Unidas: paz, dignidade e igualdade em um planeta saudável”. Dito isso, eu pergunto: o que fez a ONU efetivamente, em situações como esta? Não farei terra arrasada. Missões de paz (com participação de tropas brasileiras, inclusive) levaram alguma esperança a países arrasados. Mas é pouco, muito pouco.
Se olharmos no retrovisor da História, é impossível esquecer alguns episódios lamentáveis. Entre eles, os mais de 30 segundos de aplausos ao assassino Che Guevara, em discurso feito em 1964. Àquela altura do campeonato, todos já sabiam que a Revolução Cubana não era um mar de rosas, e que um regime de tirania havia se instalado na ilha presídio. Ainda assim, mesmo que alguns duvidassem, o próprio Che fez questão de destacar como agiam os revolucionários. Disse ele, após ser interpelado: “Fuzilamentos? Sim, fuzilamos. Fuzilamos e vamos continuar fuzilando”.

Nesta semana, a agência da ONU para refugiados palestinos publicou uma denúncia. Combustível e equipamento médico foram roubados das instalações da entidade, em Gaza, pelo Ministério da Saúde – controlado pelo Hamas. Misteriosamente o post foi apagado, minutos depois. A conta oficial do governo de Israel perguntou: “O Hamas invadiu a conta do Twitter (ou X)? Ou vocês estão apenas com medo de desapontar seus amigos terroristas?”.

Sim, quando falamos em ONU estamos diante de um balaio de gatos, com interesses diversos e, não raras vezes, conflitantes. Mesmo que a divergência exista, em alguns casos não há espaço para debate, como ocorre agora com o Hamas. Se os terroristas defendem o extermínio dos judeus, pergunto: o que seria algo crível de discussão? Decidir se o povo de Israel será morto por estrangulamento, degolado ou a tiros?

A ONU hoje não passa de um bibelô.


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