Brasil poderá ser país parceiro em Hannover

Brasil poderá ser país parceiro em Hannover

Condição diferenciada já foi realidade em 1980 e ‘não é um sonho impossível’, sinalizou Fiergs

Guilherme Baumhardt

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Quem caminha hoje pelos pavilhões da Feira de Hannover talvez não saiba o quanto ela mudou. Hoje, nos locais destinados aos expositores, o visitante encontra shows de robótica, que mostram tudo que a automação é capaz de fazer. Maquetes simulam a vida real, enquanto gigantescos painéis de LED exibem as novidades com um show de computação gráfica. O presidente da Federação das Indústrias (Fiergs), Gilberto Petry, conhece bem as transformações pelas quais o evento passou. A primeira participação em Hannover ocorreu em 1984. 

“Víamos produtos que a gente encontrava nas lojas, como televisão, geladeira, ferramentas. E hoje nós não vemos mais isso, foi sumindo. Atualmente tudo está concentrado muito mais na questão de tecnologia. Houve mudança com o passar dos anos, mas Hannover continua sendo pioneira nos avanços”, afirma Petry.

A presença sempre marcante do Rio Grande do Sul não acontece por acaso. “Há a ideia de que a Alemanha, que é muito forte na área industrial, apresenta suas inovações aqui. Muitos vêm até aqui para comparar com os seus produtos, com as suas empresas, para ver, evoluir e, claro, também para fazer negócios”, explica Petry.

No evento deste ano Portugal é parceiro, e em 2023 será a vez da Indonésia. A primeira edição que contou com um país como parceiro oficial foi a de 1980, e o escolhido foi o Brasil. A condição diferenciada é uma espécie de cartão de visita, oportunidade especial de mostrar possibilidades de investimento e negócios. No Horizonte do Brasil está a repetição do que ocorreu em 1980. “Não é um sonho impossível”, afirmou Petry. Mais um passo foi dado neste sentido após reunião envolvendo Fiergs, Confederação Nacional da Indústria, governo do RS e Câmara Brasil-Alemanha. Pelo know-how acumulado, a Fiergs se colocou à disposição para a articulação junto à Agência de Promoção das Exportações (Apex), governo federal e outros segmentos para viabilizar o projeto.

AUTOMAÇÃO - Duas empresas brasileiras estão na Feira de Hannover como expositoras, e uma delas é do RS. A Novus, cuja fábrica fica em Canoas, teve sua primeira participação no evento em 2004. Com produtos voltados à automação e monitoramento de linhas de produção, metade dos componentes fabricados tem como destino a exportação para mais de 60 países.

Recarga segura e mais rápida

A moto é elétrica. Trata-se de um modelo esportivo, de alto desempenho. O estande é o da empresa Phoenix Contact, da Alemanha. O veículo não é fabricado por ela, mas sim o sistema de recarga de baterias. A empresa já desenvolveu equipamentos que seriam capazes de completar a carga, ou “encher o tanque”, em poucos segundos, um dos grandes desafios para veículos movidos a energia elétrica. 

Carros a gasolina, etanol ou diesel ficam poucos minutos parados em um posto. Um carro elétrico precisa de muito mais tempo. Qual o desafio? Tornar a recarga segura. Se o carregador já foi resolvido, falta agora desenvolver um sistema que não superaqueça baterias e o veículo a ponto de provocar um incêndio. Um problema solucionado, um novo desafio lançado.

Visita feita à Mercedes-Benz

O dia começou com uma visita a uma das fábricas da Mercedes-Benz, localizada em Bremen, distante 120 quilômetros de Hannover. Mesmo com um alto índice de automação e com presença maciça de robôs na linha de montagem, a unidade emprega hoje mais de 13 mil funcionários. Em tempos de carros elétricos ou híbridos, a maioria dos veículos feitos ali ainda roda a combustão. Apenas um em cada oito carros é elétrico. 

Com forte política nacional de industrialização, a montadora até tem unidades fora da Alemanha, mas a maior parte das linhas de montagem está concentrada no país europeu. Na fábrica visitada, fatia de 75% da produção é destinada ao mercado externo. Na entrada, os visitantes são “recepcionados” pelo primeiro veículo movido a motor fabricado no mundo, produzido pela Mercedes-Benz em 1886.


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