Chegou o dia!

Chegou o dia!

Quem é o fascista, afinal?

Guilherme Baumhardt

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Lula, finalmente, acertou. Eu sabia que este dia chegaria. O dia em que eu elogiaria uma decisão presidencial. De maneira muito sábia e madura, o atual ocupante do Palácio do Planalto resolveu não comparecer ao Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, para a cerimônia de abertura da Expointer, que ocorre na sexta-feira. É sua decisão mais acertada desde que voltou a ocupar a cadeira mais importante da nação.

Lula e seus asseclas não poupam críticas ao agronegócio. Durante a campanha, o setor que produz alimentos com qualidade e preço acessível foi alvo de ataques covardes. Sem cerimônia, o atual presidente disse que o agro é fascista. Bem, se na opinião dele trata-se de um segmento fascista (volto ao conceito mais à frente), não deixa de ser coerente sua ausência em um dos principais eventos do segmento.

Ele não dirá, mas Lula não veio pelo medo. O medo da vaia. O eterno sindicalista não gosta do campo. E o campo não gosta dele. Porque no campo não há espaço para preguiça ou relativismo. É mérito puro. Plantou, cuidou, produziu, colheu. Esta é a lógica. Não há “lavoure”, é lavoura. Não existe “rebanhe”, é rebanho. O relógio corre, o tempo urge. Se quem vive no meio rural dorme no ponto, perde-se o tempo do plantio. O agro não aceita desaforo.

Da porteira para dentro, somos modelo. Safras recorde, ano após ano. Temos produtividade superior à da imensa maioria dos nossos concorrentes. Assustamos norte-americanos e, principalmente, europeus. Somos competentes e bons no que fazemos. O problema está da porteira para fora. Na hora de escoar a produção, por rodovias que são gargalos há décadas. Pela falta de ferrovias (problema parcialmente resolvido no governo anterior) e carências em portos (culpa de um monopólio estatal que durou tempo demais). Aos que insistem em ver governo no financiamento do Plano Safra, a revelação: trata-se de dinheiro do privado para o privado – exceção feita a uma ínfima parcela de linhas de crédito para pequenos produtores, que contam com juros subsidiados.

Para o público da Expointer, Lula não é bem-vindo. Ponto. E como ele dificilmente mudará de opinião, deixo minha sugestão: ele que se abrace aos bandoleiros do MST, apoiados por ele e seu partido. Aliás, se há algo “neztepaís” que lembra fascismo é o amor desta turma pelo protagonismo estatal. “Tudo no Estado, nada fora do Estado, nada contra o Estado”, nas palavras do próprio Benito Mussolini. O Estado que promete construir estradas (mas leva uma eternidade para entregá-las, quando as entrega); o Estado que deseja manter o monopólio do tratamento de água e esgoto sob seu domínio (mesmo que isso condene os mais pobres a viverem em meio a doenças e ratos); o Estado que pretende ser dono de empresa de correspondências (mesmo que deficitária).

Quem é o fascista, afinal?

Alberto Fernández acusa o golpe

O atual presidente da Argentina, Alberto Fernández, não citou nomes, mas deu declarações bastante diretas, em tom crítico, ao homem que pode colocar fim ao atual ciclo de pobreza e miséria que domina o país vizinho. Convido o leitor a adivinhar qual foi a expressão utilizada pelo discípulo do casal Kirchner, ao se referir a Javier Milei – o libertário que venceu as primárias. Ganha uma viagem (apenas de ida) para a Coreia do Norte quem disse “negacionista”. Sim, o apito esquerdista é universal. Vale para quem coloca em xeque medidas populistas contra o coronavírus, vale para quem questiona a tese de aquecimento global da maneira como é vendida – caso de Milei. Quando mira seus canhões contra o líder das pesquisas eleitorais, Fernández acusa o golpe: ele já sente no ar o cheiro da derrota do peronismo.


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