Dinossauro comunista

Dinossauro comunista

O que diz o desempenho de Flávio Dino no Maranhão

Guilherme Baumhardt

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Flávio Dino, anunciado como provável ministro da Justiça, de um eventual governo lulista, é um bom exemplo de como a presença maciça da esquerda em algumas redações produz uma espécie de fantasia desinformativa. Administrativamente, Flávio Dino não passa de um falastrão. E para chegarmos a tal conclusão basta trabalharmos um pouco, mergulhando em alguns números.

A gestão do dinossauro comunista (uma redundância, afinal) à frente do governo do Maranhão foi alardeada aos quatro ventos como sendo um modelo a ser seguido. Uma das réguas utilizadas para a propaganda foi o avanço do IDH, o Índice de Desenvolvimento Humano. Em uma escala que vai de zero a um, em 1991, o IDH maranhense era de 0,357. Dez anos depois passou para 0,476. Para uma comparação mais precisa, é necessário esperar o resultado do Censo que está sendo realizado neste momento.

Mas há parâmetros intermediários colhidos neste ínterim, como o IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal). E o que ele nos mostra? Entre 2011 e 2014, ainda sob a batuta de Roseana Sarney, houve um salto, com o IDHM pulando para 0,678, igualando-se ao do Pará e superando o do Piauí. Mas Roseana, além de ser Sarney, é também de “direita” dentro do que a imprensa brasileira entende como conceito político, então, bom mesmo é fazer festa para o comunista que assumiu o governo logo depois. E o que se vê não é nenhuma revolução, muito pelo contrário. Um avanço, mas dentro da curva histórica de melhora.

De uma hora para outra, logo depois que Flávio Dino chegou ao governo, a educação maranhense também virou modelo. Como a turma se contenta com discurso de sindicalista de esquerda, o Brasil Maravilha que surgiu no Norte do país nasceu pura e simplesmente do aumento dos salários dos professores, mesmo que isso comprometa as finanças públicas a longo prazo. Em outras palavras, uma bomba foi armada.

No campo educacional, vamos a alguns números. Utilizaremos dados do IBGE, comparando o ano de 2014 (o último antes de Dino assumir o governo) com 2021. No período, houve avanço de apenas um ponto percentual nas escolas com biblioteca (11% x 12%). Ou seja, a imensa maioria das escolas não têm sequer biblioteca. Apenas para efeito de comparação, o índice do Rio Grande do Sul é de 62%. O número de laboratórios de informática, no Maranhão, despencou no período (24% x 10%).

Se olharmos para a infraestrutura, ainda há gargalos. Há escolas em que os alunos não têm acesso filtrado, apesar de uma leve melhora (90% x 91%), na comparação entre 2014 e 2021. É claro que houve melhoras. A Internet disponível foi ampliada (17% x 44%), o número de instituições sem energia elétrica caiu (6% x 1%), enquanto o índice de instituições com sanitário dentro da escola subiu (69% x 93%). Mas é pouco, muito pouco para justificar toda a fama que o comunista carregou nos últimos anos.

Na segurança pública, a gestão Flávio Dino chegou a iniciar um programa que pretendia ensinar artes marciais para presos. Isso mesmo. Gente que transgrediu a lei aprenderia karatê e outras modalidades dentro das cadeias, tudo pago com o dinheiro do contribuinte. A iniciativa pegou tão mal que o projeto foi cancelado. Enquanto isso, o agora futuro provável pretenso ministro da Justiça já anunciou que vai acabar com o “liberou geral” da política de armas vigente no Brasil.

A manifestação de Dino é uma demonstração de desonestidade intelectual. Não há “liberou geral”. Nunca houve. Comprar uma arma legalmente, no Brasil, exige tempo, dinheiro, paciência e um sem-fim de regras a serem cumpridas. Além de punições pesadas para quem fizer bobagem com uma arma legalizada.
Se o Dino(ssauro) no Ministério da Justiça já parece ruim, pior ainda é imaginar que este é apenas um trampolim para uma vaga no Supremo Tribunal Federal, após as aposentadorias de Rosa Weber e Ricardo Lewandowski. Quer mais? Flávio Dino tem apenas 54 anos. Ou seja, se a indicação ocorrer mesmo e o Senado referendá-la (é a tônica) teremos o sujeito no STF por 20 anos.

 


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