E se?

E se?

Os catastrofistas acreditam que é questão de tempo.

Guilherme Baumhardt

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Os catastrofistas acreditam que é questão de tempo. Os mais céticos duvidam que ela, de fato, ocorra. Pelo sim, pelo não, aventar a possibilidade de uma terceira grande guerra mundial é tarefa ingrata, mas um exercício mental necessário. Com os arsenais nucleares existentes no planeta, um novo conflito de proporções planetárias representaria o fim da humanidade como a conhecemos hoje. E pode ser, também, que a hecatombe não venha por explosões atômicas, mas em uma guerra química ou viral – a pandemia do coronavírus mostrou isso. No horizonte ou não, cabem algumas reflexões.

O assunto ganhou força após uma publicação do ex-presidente norte-americano Donald Trump em uma rede social. Após uma série de críticas ao atual ocupante da Casa Branca, Joe Biden, Trump encerrou com uma mensagem um tanto enigmática, publicada em letras maiúsculas: “WORLD WAR III”. Foi o estopim para que o assunto ganhasse o noticiário mundo afora.

O encerramento da Segunda Guerra, em 1945, dividiu o mundo em dois. Tivemos como herança a Cortina de Ferro, a Guerra Fria e um mundo polarizado com dois universos facilmente identificáveis. Os valores do Ocidente (capitalista e liberal/conservador) e as bandeiras do Oriente (capitaneados pela extinta União Soviética). O Muro de Berlim caiu e o mundo mudou. Mas não tanto. No lugar da URSS, hoje temos a China. E, se de um lado (Ocidente) ainda nutrimos algum apreço pela liberdade, do outro (Oriente) sobram doses cavalares de controle e ares ditatoriais.

A primeira pergunta que vem à cabeça é: o que faria o Brasil em uma situação assim? Até o dia 31 de dezembro de 2022 parece bastante claro que nosso alinhamento seria com os norte-americanos. Hoje, com Lula e o petismo de volta ao poder, a adesão ao poderio chinês é bastante evidente. Os sinais são claros. Recentemente, navios de guerra iranianos receberam autorização para atracar na costa brasileira, uma atitude considerada hostil pelos norte-americanos. No campo do comércio internacional, o Brasil deu o primeiro passo para excluir o dólar como referência para transações com a China, um movimento significativo para enfraquecer a moeda norte-americana. A guinada à esquerda é clara.

Não sei se estamos na iminência ou não de uma nova grande guerra, mas há elementos que deixam a luz de alerta ligada. O conflito entre russos e ucranianos acontece no quintal da Europa e já se arrasta há mais de um ano. Há uma liderança fraca nos Estados Unidos. Joe Biden está longe de ser a referência que foram Franklin Roosevelt para os americanos e Winston Churchill para os ingleses. Os chineses já sentiram o cheiro da fraqueza ocidental e botam as mangas de fora. Taiwan, uma obsessão de Pequim, parece ser apenas um “evento teste” para medir o poderio e a reação do Ocidente.

Na Europa, a França atual é liderada por um imberbe globalista. Emmanuel Macron é o sujeito perdido no meio do bangue-bangue. Acredita que tem bala na agulha para uma postura de independência e ignora que é a mesada dos Estados Unidos junto ao Velho Continente que garante a segurança para que ele possa comer queijo brie em paz, junto de um bom pinot noir todas as noites. A Alemanha, que até ontem não tinha sequer exército, hoje tem como chanceler um integrante da social-democracia – apenas mais um daqueles sujeitos cujos olhos brilham para os lados chineses, mas que parece não ter entendido até hoje que foi o bom e velho capitalismo que proporcionou a segurança que permite um sono tranquilo aos alemães.

Dias tensos nos aguardam. E, uma pena, talvez estejamos do lado errado do front. Diante de tantas perguntas, arrisco apenas um palpite: com Donald Trump à frente da Casa Branca, estaríamos mais tranquilos.


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