Eles conseguiram!

Eles conseguiram!

A Venezuela, um país com grandes reservas de petróleo, enfrenta uma grave crise de abastecimento de gasolina.

Guilherme BaumHardt

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Um dos países com as maiores reservas de petróleo do mundo hoje enfrenta problemas de abastecimento. E não porque a economia está em rápida expansão e as refinarias não conseguem atender a demanda existente; não porque a população vive um período de bonança, e todos, de uma hora para a outra, passaram a comprar automóveis e explodiram o mercado consumidor. Não, nada disso. A escassez se dá em função daquilo que é a especialidade da esquerda: destruir o que funciona, arrebentar o que dá certo e produzir pobreza e miséria.

Em 2018 um vídeo viralizou. Nele, o ex-ministro da Agricultura brasileiro Antonio Cabrera mostrava o preço da gasolina na Venezuela: o valor era simbólico, apenas um centavo de bolívar por litro. Com o câmbio da época, R$ 0,10 (sim, dez centavos de Real) era dinheiro suficiente para comprar 740 mil litros do combustível. Um absurdo, algo que não se sustentava, como, de fato, não parou em pé. Era questão de tempo para mais uma fantasia socialista desmoronar.

O quadro atual é bem diferente. O problema agora não é o preço para uma população que vive na miséria. O problema é que não há gasolina. Fina ironia para um país “sentado” sobre milhões e milhões de barris do ouro negro. No Estado venezuelano de Mérida, abastecer o carro lembra muito uma loteria. O anúncio é feito nas rádios locais. Como se fosse um bingo, bolinhas numeradas de 0 a 9 são sorteadas. Logo depois, o posto que terá combustível é anunciado. Os carros com placas terminadas com os números sorteados se deslocam para o local indicado. Filas se formam. O processo é repetido dia após dia, até que todos os postos e veículos sejam contemplados.

No Brasil não chegamos tão fundo. Mas o governo Dilma Rousseff, alimentando o mesmo populismo barato típico de republiquetas bananeiras esquerdistas, adotou receituário semelhante. A administração petista resolveu, na época, ignorar toda e qualquer lei de mercado e segurou preços artificialmente. O resultado foi sentido por todos. A Petrobras quase quebrou e o dinheiro do pagador de impostos foi canalizado para salvar estatais à beira da falência. Infelizmente, no Brasil, sofremos de amnésia ou Síndrome de Estocolmo, porque decidimos, na eleição passada, repetir a dose, votando no palanque ambulante.

Muitos se perguntam como a Venezuela chegou a tal ponto. Isso não acontece da noite para o dia. O desmonte acontece paulatinamente, em um processo que leva alguns anos. A Argentina adotou este caminho e vê a economia desmoronar. Imprimiu dinheiro. A inflação veio. Tentou o receituário falido, do tabelamento de preços. Não deu certo. Depois disso, o governo esquerdista mirou seus canhões contra o agronegócio, sobretaxando a produção. A carne argentina, famosa mundo afora, perdeu mercado. Brasileiros, uruguaios, australianos e outros países exportadores de proteína animal agradeceram.

É a síntese de uma morte anunciada. Se não houver uma guinada brusca de rumo, nossos vizinhos governados pelo incompetente Alberto Fernández seguirão o mesmo caminho dos vizinhos subjugados pelo tirano Nicolás Maduro. A Venezuela de hoje é a Argentina amanhã. E, se não resistirmos, a Argentina atual é o Brasil de um futuro não muito distante.
Há uma frase atribuída ao economista liberal Milton Friedman que ilustra bem o momento: “Se o Estado administrasse um deserto, em pouco tempo faltaria areia”. Se o autor é mesmo Friedman pouco importa. Poucas coisas são tão certeiras quanto o fracasso administrativo da esquerda quando chega ao poder.


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