Entregues à própria sorte?

Entregues à própria sorte?

Caminho para que surjam novas lideranças está aberto

Guilherme Baumhardt

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Lula subirá a rampa. E o Brasil entrará na rota do retrocesso, do atraso, da distribuição de pobreza, da dependência da esmola estatal. Mais uma vez. Talvez seja uma questão cultural, talvez seja vocação. O medo de ser livre, de empreender, de ser dono do próprio nariz e não depender de governos é uma marca latino-americana. Revela comodismo e preguiça, para dizer o mínimo, de uma parcela expressiva da população. Mas que não é maioria. O que virá pela frente é bastante previsível. Trata-se da reprise de um filme. Será o Brasil do Estado protagonista, do aumento de impostos, da excessiva interferência do poder público nas nossas vidas. Com agravantes. A supressão de liberdades já virou realidade, com os abusos cometidos especialmente por Alexandre de Moraes. Outras ideias totalitárias de Lula, como o controle da imprensa e a regulação das redes sociais, devem deixar o campo das ameaças e virar realidade.

Para termos uma prévia do festival de horrores que se aproxima, basta olhar no retrovisor. Em 2018, o número de servidores federais na ativa era de 630 mil. Em 2022, o número ficou em 560 mil, uma redução de 11% em apenas quatro anos. A indústria de concursos públicos federais deixou de funcionar durante a gestão de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes, mas voltará com força total sob o lulopetismo, diante dos argumentos de que “serviços foram precarizados” e que a “máquina pública foi desmanchada” – duas mentiras que não encontram respaldo na vida real.
Entre 2008 e 2018, saíram dos cofres da União R$ 190 bilhões para socorrer empresas públicas em apuros, e outros R$ 30 bilhões para ajudar as não-dependentes. É uma montanha de dinheiro que serviria para bancar obras de infraestrutura, investimentos em saúde e educação, mas que foi canalizado para mascarar a incompetência estatal. Se fossem companhias privadas, elas teriam quebrado. Em 2023, a “BrasilBrás”, esta grande usina geradora de estatais, voltará a funcionar, para criar cabides de emprego para a companheirada, gente que é o retrato do atraso.

O caminho é o do retrocesso também no cenário internacional. O Brasil está às portas de ingressar na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). É um clube restrito. Lá estão Alemanha, Austrália, Canadá, Chile, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Noruega, Japão e outros. Para fazer parte é necessário cumprir uma série de requisitos, entre eles combater a corrupção. Significa abrir as portas para novos mercados, para a riqueza e o desenvolvimento. E o que disse Fernando Haddad, futuro ministro da Fazenda? Que o ingresso do país na OCDE será reavaliado. Ou seja, vai parar no fundo de uma gaveta qualquer em Brasília. E é fácil entender. Para fazer parte é preciso fazer as coisas bem-feitas. O PT é a antítese disso.

Se há algo de bom a ser destacado nesta coluna final de 2022 é que há uma maioria no Brasil que deixou de ser silenciosa. Foi às ruas. Inúmeras vezes. Nos protestos de 2013, no impeachment de Dilma Rousseff, nas inúmeras manifestações de apoio a Jair Bolsonaro ao longo dos últimos quatro anos e, agora, em frente aos quartéis Brasil afora.

Há outra descoberta, esta mais amarga. Descobrimos que nas Forças Armadas não há aquilo que se imaginava. Sem direito a beicinho e sem mimimi, vamos aos fatos: assistimos à lei ser solapada, a Constituição ser rasgada e vimos um Congresso submisso aos desmandos do STF, com ministros da Suprema Corte extrapolando suas atribuições. O último fio de esperança para recolocar as coisas nos seus devidos lugares repousava sobre as FFAA, com milhões pedindo socorro. E o que foi feito? Nada. Descobrimos que, em alguns casos (não todos), a farda abriga a covardia.

O pensador contemporâneo e professor canadense Jordan Peterson tem algumas frases geniais. Uma das melhores é: “Conflito adiado é conflito multiplicado”. E esta talvez seja uma boa síntese do Brasil. Vimos a esquerda tomar conta do país, enquanto assistimos anestesiados ao crescimento dos seus tentáculos em governos, escolas e até dentro das nossas casas. Como diz Peterson, descobrimos de maneira dura e cruel que encontros adiados ao longo da História um dia chegam maiores e piores. A construção do Brasil à base de comodismo e conchavo não poderia resultar em outra coisa. Há tempo e espaço para mudar? Sim. Com isso em mente, talvez agora, pelas mãos da população, tenhamos de fato uma mudança de rota. Vai doer? Vai. Vai dar trabalho? Sem dúvida. Mas está nas mãos do povo.

Se o leitor me permite, acredito que há duas frases que devem guiar nossas ações nos próximos anos. “O preço da liberdade é a eterna vigilância”, de John Philpot Curran, e “a liberdade nunca está a mais de uma geração da extinção”, de Ronald Reagan. Com isso em mente, sigamos em frente para manter vivo aquilo que gostamos. Este negócio imperfeito chamado Brasil, mas com potencial de ser uma grande nação, algo que não acontecerá pelas mãos do PT.

Sobre Jair Bolsonaro, é prematuro qualquer frase definitiva, inclusive a de que ele morreu politicamente. É certo, porém, que não há vácuo de poder e a manifestação de JB nesta sexta-feira abre caminho para que surjam novas lideranças nacionais, no campo da direita. Quais serão? Não sei, mas elas virão.


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