Faixa presidencial

Faixa presidencial

Guilherme Baumhardt

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Enquanto escrevo estas linhas, a informação que vem de Brasília aponta que nem Jair Bolsonaro, tampouco Hamilton Mourão passarão a faixa presidencial para Lula. E ambos estão absolutamente corretos. Aqueles que neste momento invocam preceitos republicanos e democráticos para criticar a decisão da dupla Bolsonaro/Mourão, são os mesmos que fizeram vistas grossas e ouvidos moucos para o que fez o PT ao longo dos últimos seis anos – coloco no mesmo balaio o governo Michel Temer. De republicano e democrático nada houve por parte dos petistas.

Deixando de lado a opinião do colunista (de que Lula deveria estar em cana, e não prestes a subir a rampa do Palácio do Planalto) e assumindo que o sistema eleitoral brasileiro vigente (alvo de inúmeras críticas e ressalvas) apontou o petista como vencedor, vamos revisitar a prática do partido e do próprio Lula ao longo das últimas décadas. É salutar. Inclusive para entender melhor a decisão do ainda presidente e seu vice.

Na política, há dois lados. Ou você é situação, ou você é oposição. A postura petista, porém, durante os governos Bolsonaro e Temer passou longe do que é uma oposição. Sendo franco e direto: a única coisa que o PT sabe realmente fazer é sabotar o país, sempre vestindo o manto da “divergência ideológica”. Não é de agora. Ao olharmos no retrovisor, encontraremos inúmeros episódios em que um partido político birrento tal qual criança mimada tomou posições equivocadas, que por si só já seriam suficientes para colocar a sigla no ostracismo.
Na Constituinte de 1988, o PT votou contra. Quando o assunto foi a Lei de Responsabilidade Fiscal, um dos poucos avanços do governo FHC, o PT votou contra. Em 1994, na hora de decidir sobre o Plano Real, o PT votou... contra! Em síntese, o PT é contra o Brasil, a favor apenas dos próprios interesses e dos satélites que o sustentam (PDT, PCdoB, PSB, PSol e afins). Se o leitor vê exagero nas minhas linhas, faço o desafio: cite um projeto de lei, uma proposta de emenda à Constituição em que o partido tinha posição contrária, mas ajudou a construir uma saída, cedendo em um ou outro ponto. Não há.

Voltando à faixa presidencial. O parlamento inglês é palco há séculos de alguns dos debates mais acalorados da política, um espaço que atravessou duas grandes guerras discutindo não apenas o futuro do país, mas do planeta. Há veemência e rispidez. Há discursos inflamados, defesas apaixonadas e críticas ácidas. Há tiradas sarcásticas e até humor. Mas há respeito, coisa que o PT desconhece.

Durante os últimos quatro anos, Jair Bolsonaro foi chamado de genocida. Vamos ao dicionário. Segundo o Houaiss, genocídio significa: extermínio deliberado, parcial ou total, de uma comunidade, grupo étnico, racial ou religioso. Pergunto: isso ocorreu no país? Não. O Houaiss vai além: “Aniquilamento de grupos humanos, o qual, sem chegar ao assassínio em massa, inclui outras formas de extermínio, como a prevenção de nascimentos, o sequestro sistemático de crianças dentro de um determinado grupo étnico, a submissão a condições insuportáveis de vida, etc”. Desafio qualquer um a apontar que Bolsonaro tenha liderado iniciativa assim. Como não vimos nada disso, questionado um prócer petista disse que o uso da expressão genocida era, na verdade, apenas “figura de linguagem”.

O PT e o petismo não deveriam ser levados a sério há anos. Não com esta postura. Mas no Brasil não apenas são protagonistas, como ostentam uma liderança como Lula. Estou curioso para saber quem vai se prestar a entregar a faixa ao descondenado. Sempre há um “aspone” ávido por 15 segundos de fama.


Gasolina

A cobrança de PIS/Cofins sobre combustíveis está suspensa até o dia 31 deste mês. Mas Lula já sinalizou que quer retomar a cobrança. O resultado? Algo em torno de 50 bilhões de reais a mais nos cofres do governo e a menos no bolso dos brasileiros. Faz o L, amigão! Só não reclama mais do preço dos combustíveis, ok?


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