Governo Lula? Boulos responde

Governo Lula? Boulos responde

A escolha é sua, mas não diga que não foi avisado

Guilherme Baumhardt

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Segunda-feira à noite, dia seguinte ao primeiro turno. No centro do Roda Viva, programa da TV Cultura de SP, está Guilherme Boulos, deputado federal eleito por São Paulo, pelo PSol. O invasor de propriedade alheia detalha a agenda radical de um eventual governo Lula, o ex-ocupante de uma cela na carceragem da Polícia Federal, no Paraná. Ele é indagado pelos jornalistas ali presentes, até que o assunto chega à relação de um eventual governo Lula com o Congresso eleito, de perfil mais conservador:

- Como o Lula vai governar com esta agenda diante deste mapa do Congresso? Ele vai precisar compor com vários partidos de centro e centro-direita. E vai precisar fazer concessões. A pergunta é: você vai votar a favor ou contra?, afirma Ricardo Galhardo, do Intercept Brasil (argh!)

- Porque o Alckmin está lá. E ele não foi posto lá por acaso. Alguma coisa virá dessa agenda. É inevitável, completa a apresentadora Vera Magalhães, um tanto ingênua.

- O Alckmin foi posto como expressão de uma frente democrática anti-Bolsonaro. Em nenhum momento as ideias liberais do Alckmin foram incorporadas ao programa de governo da chapa Lula-Alckmin. Não houve nenhuma promessa neste sentido, afirma o líder do MTST, movimento que ignora a propriedade privada, Guilherme Boulos. Com a resposta, temos agora o vencedor do troféu “Pateta do Ano”, que vai honrosamente para Geraldo Alckmin.
Aparentemente incrédulos, os jornalistas insistem que, para vencer a eleição, Lula precisaria mirar o eleitor de centro. Perguntam se Henrique Meirelles poderia ser o ministro da Fazenda ou da Economia. E Boulos responde:

- Às vezes se tem uma idealização de que a agenda da Faria Lima (coração financeiro de São Paulo) é o centro. Não. A agenda da Faria Lima é a agenda da Faria Lima. E eu não acho que seja preciso fazer qualquer concessão para a agenda da Faria Lima para se ganhar eleição presidencial no Brasil. Francamente. Hoje me disseram que a bolsa de valores subiu porque o Bolsonaro teve desempenho melhor do que o previsto. Olha, eu quero eleger o Lula presidente não para o mercado reagir bem, mas para combater a fome, respondeu o invasor, que ignora os termômetros da economia, os sinais que vêm de quem gera emprego e renda e que, provavelmente, acredita que dinheiro dá em árvore.

- E o Meirelles?, insiste a jornalista do Globo, Bela Megale.

- Eu acho bom que o Meirelles se posicione contra o Bolsonaro e a favor do Lula como ele fez. Melhor do que se fizesse o contrário. Mas as posições econômicas do Meirelles são contrárias às posições econômicas que estão no plano de governo do Lula. O plano de governo do Lula tem a revogação do teto (de gastos públicos). O Meirelles fez o teto. O Lula defende a revogação da reforma trabalhista. O Meirelles fez a reforma trabalhista, afirma o sujeito que ultrapassa muros e grades sem ser convidado. E assim conhecemos o ganhador do troféu “Convicções de Geleia”, a ser entregue a Henrique Meirelles.

Não digam que não foram avisados. Não digam que não sabiam. O plano é claro. É o mesmo que os esquerdistas que assumiram a Argentina, o Chile e outros países sul-americanos implantaram. É bagunçar o que está sendo organizado. É explodir o gasto público. É gastar o que não se tem. É fazer populismo barato. Não existe mais “Lulinha paz e amor”, como ocorreu em 2002, após a “Carta aos Brasileiros”. Lula percebeu que há uma população conservadora no Brasil, que elegeu uma bancada numerosa no Congresso, que deu demonstrações de força em manifestações de rua (como no 7 de Setembro) e nas eleições. Como está próximo dos 80 anos, Lula viu que não há mais tempo para uma revolução gradual. O negócio é enfiar o pé no acelerador, rumo ao precipício.

A escolha é sua.


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