Lula, o empreendedor

Lula, o empreendedor

Guilherme Baumhardt

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Lula produziu mais um dos seus absurdos: “Empresários só ganham dinheiro porque os trabalhadores deles trabalham”. Não tenho notícia de que algum dia Lula tenha assinado uma carteira de trabalho. Não se tem notícia de que Lula tenha, algum dia, iniciado um negócio próprio, muito menos de sucesso. E não me venham com a história do “palestrante mais requisitado do planeta”. Mesmo assim, Lula ostenta um patrimônio (declarado) considerável.

Sequer lembrarei aquilo que foi levantado pela Operação Lava Jato. Vamos trabalhar com as informações prestadas pelo próprio Lula, junto à Justiça Eleitoral. Os dados são públicos e abertos. Segundo o que está publicado, o patrimônio do petista ultrapassa a marca de R$ 7 milhões – ele é possivelmente maior, porque no caso de bens imóveis, por exemplo, são raros os casos de atualização de valores. O milionário Lula tem, entre seus ativos, previdência privada, carro, apartamento, terreno e dinheiro investido. Mas Lula não é empresário. Então, de onde veio o dinheiro? Boa parte da grana veio do bolso do trabalhador brasileiro.

Durante período significativo da sua vida Lula foi sindicalista. De onde vinha o dinheiro que sustentava a representação lulista? Do suor daqueles que ele representava – ou dizia representar. Sim, porque a contribuição era compulsória, obrigatória. Gostando ou não, querendo ou não, o funcionário com carteira assinada tinha o valor equivalente a um dia de trabalho descontado no contracheque. Para pagar quem? Sindicalistas como Lula.

Mais tarde, já deputado federal, Lula recebia – assim como os demais parlamentares – um salário (hoje conhecido como subsídio). E de onde saía o dinheiro que bancava o “contracheque” do Lula parlamentar? Sim, do trabalhador brasileiro, na forma de impostos. Quando compram arroz, feijão, açúcar e azeite, dona Maria e seu Zé pagam tributos. E uma fatia desse dinheiro é usada para bancar as estruturas políticas – entre elas o Congresso.

Antes de chegar à Presidência da República, Lula liderou durante anos o Partido dos Trabalhadores. Era presidente de honra da sigla. E quem bancava isso? Parte vinha dos filiados, enquanto o restante tinha como origem os cofres públicos (o hoje bastante conhecido fundo partidário). E quando se tornou presidente da República, o salário de Lula vinha de onde? Sim, novamente do meu, do seu, do nosso bolso. Da costureira que recebe salário mínimo, mas também do empresário, que Lula tanto parece odiar.

No lugar de estimular o empreendedorismo, de incentivar as pessoas a abrirem suas próprias empresas, o caminho petista é sempre o inverso. Demonizar quem um dia assumiu riscos e decidiu tocar o próprio negócio. Muitos, inclusive, ficaram pelo caminho, por escolhas erradas, decisões equivocadas. Outros tantos tombaram ou quebraram inúmeras vezes até encontrarem a rota do sucesso. Não é um mar de rosas, como na cabeça de muito esquerdista.

Quando uma empreitada dá certo e uma empresa conquista seu espaço, empregos são gerados, a riqueza é produzida e impostos são recolhidos. Ou seja, a obsessão petista (e de Lula) é punir o sucesso, quando deveria trabalhar para evitar o fracasso. Como? Reduzindo carga tributária e burocracia, simplificando o processo de abertura de empresas (algo que avançou consideravelmente no governo que terminou), tornando menos tortuosa a vida de quem pretende ser dono do próprio negócio.

O falatório da esquerda geralmente busca abrigo em uma lógica que não se sustenta: “Queremos ajudar os micro e pequenos empresários”. Claro, desde que não se tornem grandes, porque aí é paulada na cabeça na certa. Exceto, é claro, se você for amigo do rei, como eram os “campeões nacionais”, gente que se esbaldou em gordos financiamentos junto ao BNDES durante as gestões Lula e Dilma Rousseff. Alguns até conseguiram êxito. Outros são o retrato do fracasso. Alguém aí ainda lembra de um sujeito chamado Eike Batista?


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