Mais uma vez, a mentira

Mais uma vez, a mentira

Questionando a narrativa das mudanças climáticas: A confissão de Patrick Brown e o debate necessário

Guilherme Baumhardt

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Para a imensa maioria da população, o nome Patrick Brown diz quase nada. Quem é ele? Brown é um cientista cuja especialidade é pesquisar as mudanças climáticas. Entre outras coisas, ele é diretor da área de clima e energia do BreakThrough Institute, uma entidade que “procura identificar e promover soluções tecnológicas na busca de respostas para os desafios humanos e do meio ambiente”. E por que Brown é importante? Porque mentiu.

Em um texto recente, Patrick Brown reconheceu o erro ao escrever o seguinte: “Abandonei a verdade para publicar meu artigo sobre mudanças climáticas”. A revista era nada mais, nada menos que a Nature, uma das mais respeitadas do mundo. Brown foi além: “Eu me apeguei a uma narrativa que eu sabia que os editores aprovariam. E não é assim que a ciência deveria funcionar”. Brown, ao menos, teve a dignidade de reconhecer a besteira que fez.

No artigo em que a verdade foi passear e não voltou, o autor alerta para uma relação direta entre aquecimento global e incêndios florestais, especialmente na Califórnia (Estados Unidos). Na confissão, ele admite que deixou de lado inúmeros outros aspectos importantes para focar no chamado “global warming” por uma única razão: “Eu sabia que não deveria mergulhar em outros pontos-chave, além das alterações climáticas, na minha investigação porque isso enfraqueceria a história que querem revistas de prestígio como a Nature e a Science”.

Não sei o que pensa Patrick Brown a respeito de política, muito menos em quem ele votou nas últimas eleições norte-americanas. Não sei se é simpatizante do partido Republicano ou Democrata, se prefere um hambúrguer do Five Guys ou um cachorro-quente do Nathan’s. Também não cabe aqui avaliar a sua produção científica. Meu ponto é outro. A questão climática é séria demais para ser encarada como vem sendo tratada mundialmente. É assunto para ciência, a verdadeira, e não para máquinas rotuladoras, que agem com a clara intenção de vender uma agenda, que é muito mais econômica do que ambiental – o protecionismo europeu, que barra o agronegócio brasileiro é apenas um exemplo.

Aqueles que levantam dúvidas sobre o catastrofismo global, hoje, são imediatamente chamados de negacionistas. E há bons pesquisadores que questionam a tese do “fim do mundo”, afirmando que a ação humana não tem força suficiente para justificar ciclos como o que enfrentamos agora, com temperaturas que já foram registradas em outras épocas. Eles podem estar certos ou errados, mas se trazem informações baseadas em pesquisa, o caminho correto não é agir como uma criança mimada, mas confrontar tais dados com levantamentos que apontam no sentido inverso. Não é o que ocorre.

Em 2006, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, capitaneou um documentário (Uma Verdade Inconveniente) que trazia uma série de alertas. O vídeo afirmava que o Kilimanjaro, ponto mais alto da África, não teria mais neve em 2015, fato que não aconteceu. Em 2007, uma reportagem da rede britânica BBC alertava que a região do Ártico não teria mais gelo, em 2013 – algo que, também, não ocorreu. O ambientalista James Lovelock anunciou que bilhões morreriam na Terra, com o calor e o aumento das temperaturas. Em 2012, o próprio Lovelock admitiu que suas previsões tinham doses generosas de alarmismo.

A Organização das Nações Unidas mantém um painel sobre mudanças climáticas. E, dentre os dados, as previsões de aquecimento global não se confirmaram. Quando muitos apontavam para um aumento de 0,2ºC na temperatura do mundo por década, um relatório atualizado, anos atrás, trouxe um número menor (0,12ºC). Outra informação: no período entre 950 e 1.250 dC o planeta já registrava temperaturas como as que temos hoje, séculos antes da Revolução Industrial e do uso em larga escala de combustíveis fósseis.

Trata-se de um tema sério demais para ser tratado com gente que culpa verões mais quentes pela flatulência bovina. Para esta turma, minha sugestão é: comprem uma rolha, mas para uso próprio. Deixem bois e vacas em paz. Nosso churrasco de domingo agradece.


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