Milei assusta (os ignorantes)

Milei assusta (os ignorantes)

É preciso entender as razões do pavor. A primeira delas remete ao desconhecido.

Guilherme Baumhardt

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Chega a ser divertido ver o pânico tomando conta da esquerda e, no caso do jornalismo, de algumas redações diante da possibilidade de vitória de um político libertário. O desespero é ainda maior porque o “risco iminente” está aqui ao lado, na Argentina. Já pensaram se isso vira uma pandemia e se alastra pela América Latina? Chega a ser hilário assistir à reação de jornalões e emissoras de rádio e televisão.

É preciso entender as razões do pavor. A primeira delas remete ao desconhecido. Como em muitos casos falta bagagem (e leitura), Javier Milei e suas ideias parecem um bicho de sete cabeças. Para olhares limitados, não passam de um amontoado de coisas impensáveis e impraticáveis. É até compreensível. Todos temos receio do que é novo e diferente.

A segunda razão está na preguiça. Preguiça de pensar. Se no início do milênio alguém dissesse que uma folha de papel (cédula) teria valor equivalente ao de alguns gramas de ouro, seria taxado de louco. Não precisamos ir tão longe. Se um século atrás um sujeito vindo do futuro afirmasse que um pedaço de plástico (cartão de crédito) seria usado para pagar contas, muito provavelmente ninguém lhe daria ouvidos. Quantos seriam capazes de imaginar, vinte anos atrás, que um dia usaríamos um telefone celular para contratar uma corrida de carro, para irmos de um lugar a outro, em um veículo dirigido por uma pessoa comum, e não um motorista profissional conduzindo um táxi?

Quando Javier Milei defende novas ideias para a educação, não há loucura ou sandice. Pensar que o Estado (lato sensu) deve ser o protagonista da educação, desde a construção de uma escola até a contratação de professores, é algo que nos amarra ao passado. Já existem experiências exitosas mostrando que é possível fazer diferente. Vouchers educacionais só não viraram realidade em larga escala porque ainda há um estamento muito forte, especialmente na esfera sindical, cujas corporações transformaram em privado o que era público. Mesmo assim, em grandes cidades (Porto Alegre entre elas), a educação infantil já vive esta realidade, com a compra de vagas. No ensino superior, o ProUni virou uma alternativa mais inteligente do que construir novas universidades públicas. Existem ainda outros modelos, como as charter schools, nos Estados Unidos – estruturas públicas, mas que funcionam sob gestão privada.

Javier Milei defende o fim do Banco Central da Argentina. “Que horror!”, dizem. Há países na própria América Latina que não têm mais um BC. É o caso do Panamá – país cujo PIB per capita é praticamente o dobro do Brasil. Querem mais? Embora ainda exista a figura de um Banco Central Europeu, algumas das nações que integram o bloco abdicaram de um BC próprio. Nos Estados Unidos, há um debate sobre o fim do Federal Reserve.

É claro que por trás do pânico há um método. O rótulo de “ultra mega super direita” aplicado a Javier Milei prepara o terreno para chamá-lo, em breve, de fascista ou nazista, quando ele representa, na verdade, o oposto. Libertários e totalitários são antagônicos. Além disso, é preciso lembrar que está enraizada na cultura brasileira a ideia de que o Estado deve ser um pai, mesmo que este pai prometa muito, mas entregue pouco.

Se Javier Milei é um libertário, em nome de um pingo de honestidade intelectual, é preciso primeiro entender o conceito e suas bandeiras, antes de sair por aí proferindo bobagens. É isso, ou estamos diante de um movimento “liberofóbico”.

É o imposto!

Gasolina e Diesel mais caros. Sabem o que é pior? Mesmo com o aumento, os valores ainda estão defasados na comparação com o mercado internacional. O mais importante, porém, é não esquecer que só atingimos os atuais patamares graças ao aumento de impostos promovido por Lula e Haddad.


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