Milei, Trump e o futuro do Brasil

Milei, Trump e o futuro do Brasil

O que há de mais importante nisso tudo?

Guilherme Baumhardt

publicidade

Javier Milei pode ser o próximo presidente da Argentina. Uma vitória no primeiro turno não está fora do radar. O libertário – que a imprensa limitada, obtusa e com pendores esquerdistas insiste em chamar de “extrema-direita” – representaria uma guinada, um cavalo de pau de 180 graus nos rumos do país vizinho. E o que acontece aqui, ao lado, significa muito para o Brasil. Não é à toa que durante muito tempo – especialmente em momentos de crise – falava-se no chamado “efeito Orloff”, na linha do “eu sou você amanhã”. Se a ideia é prever nosso futuro, olhar para a vizinha Argentina é um bom termômetro.

O primeiro turno está marcado para o dia 22 de outubro. O segundo, se houver, para o dia 19 de novembro. Um ano após, em 2024, será a vez dos norte-americanos decidirem quem ocupará a Casa Branca pelos quatro anos seguintes. A administração Joe Biden rivaliza com a tragédia que foi o governo Jimmy Carter. Os democratas perceberam que não há a mínima condição de Biden encarar uma campanha de reeleição, muito menos chefiar a nação por mais quatro anos.

O resultado da falta de planejamento é que nenhum outro nome foi preparado. Kamala Harris, a vice, é carta fora do baralho, enquanto a ala radical e esquerdista do partido – Bernie Sanders, Alexandria Ocasio-Cortez e outros – não inspira confiança, apesar do crescimento interno. O resultado? Donald Trump, apesar das inúmeras tentativas de ceifá-lo da disputa, deve nadar de braçada (salvo brusca mudança no horizonte) para retornar a Washington.

O que prováveis vitórias de Milei e Trump tem a ver com o Brasil? Tudo, especialmente em um momento em que Brasília anda de mãos dadas com Pequim, e o PT celebra acordo de cooperação com o Partido Comunista Chinês. O momento que vive o mundo hoje não é de calmaria, especialmente após uma pandemia que se arrastou por dois anos e bagunçou a política e a economia. Para completar, a Europa assiste a uma guerra ocorrendo dentro do continente – já são quase dois anos de conflito. Biden é uma liderança fraca, que não conseguiu fazer frente à China, país que em breve se transformará na maior potência econômica do planeta. O que há de mais importante nisso tudo? A defesa de valores predominantes nas culturas ocidentais – liberdade o mais importante deles – e que são relegados a segundo ou terceiro plano no Oriente.

Como se não bastasse um desequilíbrio populacional (China e Índia estão do outro lado do mundo), há elementos internos nos países ocidentais que colocam em risco coisas que nos são caras. São os “inimigos na trincheira”. O Canadá, potência econômica e uma nação desejada por muitos, tem hoje um tiranete no poder – Justin Trudeau. As chamadas big techs sediadas nos Estados Unidos operaram a favor da censura e perseguição de quem ousou divergir, especialmente durante a pandemia – Mark Zuckerberg (da empresa Meta – Facebook e Instagram) à frente. Venezuela e Cuba seguem no caminho da miséria e pobreza absolutas.

Ninguém sabe exatamente o que o próximo ciclo nos reserva, mas parece claro que estamos em meio a um processo de mudanças profundas. E se não há bola de cristal, temos, ao menos, figuras dispostas a enfrentar aquela que parecia uma onda avassaladora. No caso do Vale do Silício, um sujeito que se dedicava a construir carros elétricos e foguetes resolveu entrar na briga (após a compra do antigo Twitter), em nome da liberdade. Elon Musk virou protagonista. Trump, com seu jeito turrão, tem inúmeros defeitos, mas é um dos únicos hoje capaz de enfrentar uma ofensiva chinesa. E, mesmo na Argentina, com uma jurássica e enraizada cultura sindical, um libertário ousou e está a um passo de vencer a eleição.

Após o “Acordo de Munique” (celebrado em 1938 como se fosse uma vitória contra o avanço nazista), a frase proferida por Winston Churchill se transformou em um marco e não pode jamais ser esquecida: “Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra. E terão a guerra”. Dentre os nomes citados acima, há gente que não tem dobradiça na espinha. A liberdade precisa de gente assim.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895