No horizonte, dois caminhos

No horizonte, dois caminhos

Terceira via deve ficar pelo caminho

Guilherme Baumhardt

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Sim, é cedo. Sim, em política as coisas podem mudar rápido. Mas à medida que o tempo passa e a eleição se aproxima, consolida-se o cenário de que teremos uma disputa entre o atual presidente, Jair Bolsonaro, e o ex-presidente (que deveria estar preso e não disputando uma eleição) Luiz Inácio Lula da Silva. E a tão propalada terceira via parece ficar mesmo pelo caminho, pelos seus próprios erros e, em alguns casos, por vender ao público o que não é.

De todos os nomes veiculados, apenas Sergio Moro parecia vestir o figurino de candidato alternativo. Sem histórico político-partidário, sem jamais ter concorrido a cargo público, com índices razoáveis de intenção de voto nas pesquisas, o ex-juiz e ex-ministro, com os recentes movimentos, só corroborou o que já externei aqui: politicamente Moro é “ruim de conta”. Do Podemos saltou quase inexplicavelmente para o União Brasil. E, logo ele, que deveria ser um crítico ferrenho das decisões do Supremo Tribunal Federal, passou a relativizar coisas inaceitáveis em um país livre, como a prisão e uso de tornozeleira eletrônica pelo deputado federal Daniel Silveira.

João Doria Jr. se afogou no próprio ego, afundando a sua candidatura e levando junto com ele a possibilidade de trabalhar com tempo e calma um nome que, segundo os marqueteiros, tinha mais potencial: o do seu colega de tucanato, o gaúcho Eduardo Leite. O Novo, sigla que deu uma boa arejada na política nacional, deixou João Amoedo falando tempo demais como se fosse voz única do partido. E paga agora o preço para reconstruir algo que já estava algumas casas adiante. Ciro Gomes, que pretende aparecer na vitrine como terceira via, na verdade é roupa velha, que passou pela tinturaria, mas é mais do mesmo. Uma espécie de plano B da esquerda, com “soluções” mirabolantes, poucas delas com viabilidade real de serem colocadas em prática.

No centro da disputa os dois nomes. O do petista Lula, que terá como vice o sujeito que mais caprichosamente até hoje rasgou a própria biografia: Geraldo Alckmin. E do outro lado, Jair Bolsonaro, atual presidente, tendo como parceiro de chapa o general Walter Braga Netto.

Em síntese, o brasileiro, em outubro deste ano, vai escolher entre o governo do sujeito que é truculento quando fala, grosseiro em inúmeras ocasiões, e que, por vezes, ofende jornalistas (Bolsonaro), mas não passa disso, e aquele que tentou, mais de uma vez, censurar o trabalho da imprensa (Lula), com a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, com o poder de cassar diplomas, e que defende até hoje ditaduras de esquerda instaladas mundo afora, com direito a manifestações de carinho para os Castro (Cuba) e Chávez e Maduro (Venezuela).

O caminho será entre quem promoveu uma redução do Estado e da presença estatal nas nossas vidas (com redução de burocracia, carga tributária e a eliminação de empresas públicas, boa parte delas subsidiárias da Petrobras), e aqueles que criaram mais de 40 estatais enquanto estiveram no poder (somados os períodos Lula e Dilma). Será uma escolha entre quem abriu o mercado para a participação privada, sem a cobrança de outorga, especialmente em obras de infraestrutura (um dos legados do ministro Tarcísio Gomes de Freitas), e aqueles que protagonizaram o maior escândalo de corrupção do país, aliados a empreiteiras que cresceram irrigadas com dinheiro público.

Durante a semana houve quem publicasse a manchete de que a Faria Lima (onde estão concentrados, em São Paulo, os grandes e tradicionais bancos brasileiros) já aponta como certa a vitória de Jair Bolsonaro. Se a informação estiver correta, é um sinal interessante. Trata-se da turma que viveu praticamente sem concorrência nos governos petistas, acostumados a uma reserva absurda de mercado e que, graças ao PIX e à abertura do setor para os bancos digitais, se viu obrigada a disputar clientes.

Está difícil escolher?


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