O dedo podre da esquerda

O dedo podre da esquerda

Na semana que passou, a Casa Rosada anunciou que pretende apresentar um projeto que regulamenta o uso das redes sociais

Guilherme Baumhardt

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Em 2019, nossos hermanos argentinos decidiram eleger o poste de Cristina Kirchner. Alguns ingenuamente acharam que Alberto Fernández, o poste, poderia ter vida própria e dar a sua cara ao governo. Esqueçam. Ele não passa de uma espécie de boneco de ventríloquo da antecessora.

Na semana que passou, a Casa Rosada anunciou que pretende apresentar um projeto que regulamenta o uso das redes sociais. Toda vez que governos de esquerda falam em “regulamentar”, leia “censura”. É isso. A ideia vem sempre acompanhada de uma conversa mole, como a fala do burocrata que defendeu a proposta: “Estamos trabalhando em um estudo pioneiro que propõe um pacto pelo bom uso das redes sociais, para que deixem de intoxicar o espírito da nossa democracia”, disse o secretário de Assuntos Estratégicos, Gustavo Beliz. Como é que é? Desintoxicar?

A esquerda percebeu que há um campo no qual uma maioria antigamente silenciosa consegue compartilhar informações, debater, trazer luz a temas que muitas vezes eram deixados de lado – de propósito – por parte da imprensa. E isso assusta. Há uma turma que entra em pânico porque canais assim são usados para derrubar narrativas e versões. Sim, também existem notícias falsas. O mau uso, porém, não tem a força e nem pode servir de justificativa para amordaçar, para calar.

Iniciativas assim vêm travestidas das melhores intenções. Coisas como “um comitê plural e democrático fará o filtro do conteúdo”. Balela, conversa para boi dormir. Não há ninguém melhor do que eu, você e quaisquer outros usuários para definir o que serve e o que não serve. E quando alguém ultrapassa a linha, há o caminho da Justiça. Simples.

A tentativa de censura (me recuso a usar a nomenclatura suave e enganosa dos defensores da "regulamentação") das redes sociais é apenas mais um exemplo do estrago que a esquerda pode produzir. No Brasil, Dilma Rousseff deu sequência a uma tragédia que se iniciou no segundo mandato do ex-presidiário Lula. Com o estouro da bolha imobiliária, em 2008, o governo federal deveria ter feito reformas, controlado o gasto, reduzido o tamanho do Estado e sua interferência na economia. O que vimos foi Guido Mantega, então ministro da Fazenda, sob a batuta de Lula, “dobrar a aposta” e enfiar o país na rota que todos nós conhecemos. Apesar de um primeiro momento animador (crescimento no lugar de recessão), a conta veio logo depois, com a bomba estourando anos mais tarde, quando Dilma era a presidente.

Sabendo que estávamos indo para o abismo, ela até tentou. Durante a campanha à reeleição prometeu colocar na Fazenda um nome do mercado, para acalmá-lo, trazer de volta os investidores que estavam fugindo. Levou Joaquim Levy para a Fazenda, onde o nome indicado pelos “bancões” (hoje aterrorizados porque enfrentam uma concorrência que jamais tiveram) fez apenas figuração. Durante algum tempo ele tentou convencer o mercado de que havia um timoneiro, até o dia em que cansou, pediu as contas, o boné e foi embora. Quem mandava mesmo era Dilma, com o suporte do então ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que – surpresa! – assumiu a Fazenda após a saída de Levy.

O receituário petista nos levou para o buraco, com o estouro em 2015. Recessão, encolhimento da economia, PIB em queda, desemprego. Começamos a sair do atoleiro na gestão Michel Temer, seguimos no caminho no primeiro ano de Jair Bolsonaro, até a pandemia chegar. Mesmo com a Covid-19, temos um cenário hoje infinitamente melhor do que o deixado pelo legado petista (Lula e Dilma). O problema de hoje tem nome: inflação, que é um fenômeno mundial – basta olhar os índices de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Alemanha.

Hoje temos uma máquina pública menos inchada, uma reforma da previdência aprovada (que evitou o estouro das contas e só não foi melhor por culpa do Congresso), a redução da burocracia (as leis de liberdade econômica Brasil afora mostram isso), redução de impostos (o mais recente foi o IPI), menor presença estatal no mercado (a Petrobras voltou a ser superavitária e não tem mais um sem-fim de subsidiárias, que eram usadas como cabide para indicações políticas). A Bolsa de Valores de São Paulo segue em patamar recorde. Há um ambiente de negócios propício, com a injeção de bilhões de reais do setor privado, especialmente nas áreas de infraestrutura e logística (aeroportos e ferrovias são bons exemplos).

A eleição se aproxima. Os caminhos estão bem claros. Para quem duvida, basta olhar para a Argentina. A esquerda tem o dedo podre para a economia e não consegue conviver com a liberdade. Se o Brasil escolher este caminho, não terá sido por falta de aviso.


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