O governo quer ovelhas

O governo quer ovelhas

O número impressiona?

Guilherme Baumhardt

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Há a vida real e a vida produzida por narrativas. A narrativa lulopetista acredita que você é um idiota. Ela esconde dados e vende ao brasileiro uma novela de quinta categoria. Qual? A de que é preciso desarmar o cidadão para pacificar o país. E a vida real, o que mostra? Um outro quadro. De 2018 para cá, houve um aumento expressivo de armas legais no Brasil, ao mesmo tempo que o país assistiu a uma queda brusca no número de assassinatos e outros crimes.

Mesmo que existam metodologias e levantamentos distintos, todos convergem para o mesmo cenário: a redução dos homicídios no país. Dados do Centro de Pesquisa em Direito e Segurança revelam o seguinte: em 2017, para cada 100 mil habitantes, o Brasil registrava 30,7 assassinatos. Em 2021, o índice despencou para 19,87 mortes dentro do mesmo universo. Em julho deste ano, o Correio Braziliense estampou a seguinte manchete: “Mortes violentas intencionais no Brasil atingem menor número em 12 anos”.

E o número de revólveres, pistolas e espingardas? De 2018 para cá, houve aumento significativo. Em 2018, o país tinha 1,3 milhão de armas legalizadas, que passaram a 1,5 milhão (2019), depois 1,8 milhão (2020), 2,3 milhões (2021), até que, no ano passado, o número ultrapassou a marca de 3 milhões – dados das ONGs globalistas Sou da Paz e Igarapé, via Lei de Acesso à Informação. Parece bastante claro que há uma relação de causa e efeito, que remete a uma máxima antiga: “Quando a presa está armada, o predador dorme com fome”.

O número impressiona? Não muito. Não é preciso citar Estados Unidos ou Suíça. Estamos, por exemplo, muito distantes dos nossos vizinhos uruguaios (34,7 armas de fogo para cada grupo de 100 habitantes). Por aqui, o índice é de 8,3 armas (dados de 2022). Em inúmeras regiões do Brasil, os clubes de tiro reúnem, na sua maioria, mulheres.

Trata-se de outro dado que derruba a fantasia criada pelo governo e que remete à frase clássica atribuída a Samuel Colt: “Deus fez os homens, mas Colt os tornou iguais”. Ou seja, aprender a manusear uma arma foi a forma encontrada por muitas mulheres para se sentirem mais seguras.

Outra falácia: o argumento de que armas compradas legalmente vão parar nas mãos do crime organizado. Há um ou outro caso, mas são isolados. Vale lembrar que fuzis e metralhadoras entram ilegalmente no país, via contrabando, e que nenhum atirador brasileiro pode comprar uma bazuca ou uma bateria antiaérea, mas armas assim já foram utilizadas por traficantes para derrubar um helicóptero da polícia, no Rio de Janeiro.

A História ensina que desarmar civis é prática comum nas tiranias. Após o nazismo chegar ao poder, Adolf Hitler determinou o desarmamento da população alemã. Na extinta União Soviética, o caminho não foi diferente: Vladimir Lenin retirou as armas e, anos depois, Josef Stalin aumentou exponencialmente o número de vítimas do genocídio comunista. Na Bolívia, do cocaleiro Evo Morales, a população foi convidada a trocar armas por vacas. E, na Venezuela da ditadura Maduro-chavista, um grande plano nacional de desarmamento de civis foi colocado em prática.

O retrato brasileiro hoje é melancólico. Viramos ovelhas a caminho do abate, em um país rumo à tirania. Lula, que se recusou a extraditar o assassino italiano Cesare Battisti, agora se presta ao papelão de “dedurar” ao chanceler alemão o sujeito envolvido em uma polêmica com um ministro da Suprema Corte, no aeroporto de Roma – sem que o caso tenha sido totalmente esclarecido. O Palácio do Planalto trabalha em um projeto que pode resultar em 40 anos de prisão para quem criticar autoridades e ministros do Supremo Tribunal Federal, sob o argumento de que a medida é para “proteger a democracia”, entre outros absurdos.

Inacreditável é ver que pessoas inteligentes ainda não perceberam o que está em curso. Se perceberam e nada fazem, são coniventes. Ou covardes.


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