Para não esquecer

Para não esquecer

Quem pretende cometer um crime não precisa necessariamente de um revólver ou uma pistola

Guilherme Baumhardt

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A tragédia desta semana é mais uma prova de que a tese do desarmamento é furada. Quem pretende cometer um crime não precisa necessariamente de um revólver ou uma pistola. É, também, mais uma evidência de que o desencarceramento em massa é um erro grotesco. Partidários da esquerda (dos radicais aos mais moderados) defendem com unhas e dentes a ideia de que tirar de circulação um delinquente não resolve o problema. Bom mesmo é deixá-lo livre, leve e solto. Para esta gente, o monstro de Blumenau provavelmente se enquadraria no perfil do bandido que pode viver em sociedade.

No prontuário do assassino que matou quatro crianças a golpes de machadinha constam uma tentativa de assassinato (do próprio padrasto), posse de cocaína, briga em boate, arrombamento, entre outros. Ou seja, havia sinais bastante claros de que se tratava de um sujeito sem condições de conviver livremente em sociedade. Apesar do histórico, ele estava solto.

Quando o leitor tiver o azar de topar com um defensor da ideia de que prender criminosos é ruim, estampe no rosto do sujeito as manchetes e as fotos de pais chorando sobre caixões de crianças, uma delas com apenas três anos de idade. Se ainda assim o sujeito insistir, talvez estejamos diante de um caso perdido. Nem mesmo a mais absurda das evidências parece ser suficiente para provar que o desencarceramento é ruim. De gente assim é melhor manter distância segura.

Governo Lula em queda
Uma pesquisa recente mostrou que o governo Lula amarga queda na aprovação e aumento da rejeição. O índice positivo caiu de 52% para 49%, enquanto o negativo subiu de 39% para 41%. Embora a variação não seja grande, o dado preocupa. Governos geralmente arrancam com capital político considerável, utilizado para aprovar medidas indigestas na arrancada da gestão – uma reforma indigesta, como a trabalhista, tributária ou previdenciária, por exemplo. Não é o caso. Lula e seus ministros veem a popularidade começar a cair antes mesmo de completar 100 dias e sem que nenhuma pauta antipática tenha sido, de fato, debatida no Congresso. A picanha não veio, a confiança na economia derrete e a geração de empregos estancou. Sinal de alerta ligado.

Falando em reformas...
Esperada há décadas, a reforma tributária parece ter escolhido o pior atalho possível em Brasília. Do jeito que a coisa caminha, talvez seja melhor manter o péssimo sistema atual. Pelo que vem sendo proposto, o atual modelo (conhecido popularmente como “manicômio tributário”) permaneceria por 50 anos, sendo operado em paralelo com o novo sistema – que está muito, muito longe de ser perfeito. Ou seja, por cinco décadas, teríamos, no setor público, duas insanidades funcionando simultaneamente. Além disso, a ideia de enfraquecer o pálido sistema republicano, concentrando ainda mais a arrecadação na União, é motivo para colocar um gigantesco freio na reforma. Uma pena.

Qual é a agenda?
E se a reforma tributária não avançar? Qual é a agenda do governo federal? O que vem depois? Na gestão passada, as coisas estavam mais claras. Primeiro, a reforma da previdência, que foi aprovada. Depois viriam a administrativa e a tributária, que pararam em função da pandemia, além das privatizações – foram vendidas operações da Petrobras e a Eletrobrás foi privatizada. A sensação é de que o atual governo federal não tem agenda. O que sobra? As ideias velhas e surradas de sempre. Nesta semana, os Correios deixaram a lista de estatais a serem vendidas, enquanto o marco do saneamento foi golpeado por um decreto presidencial. Ou seja, voltamos à pauta soviética: mais e mais Estado.

Saneamento
Ao criar dificuldades para que o setor privado tome a dianteira no saneamento, o governo federal condena justamente populações mais pobres e carentes a seguirem vivendo em meio ao esgoto. Ironia pura: o governo que diz defender os mais pobres prefere o modelo que há décadas amarra o país ao atraso. Para exemplificar: a Corsan ao longo de 60 anos de história conseguiu prover tratamento de esgoto a apenas 20% da população atendida. O modelo é velho, falido, ultrapassado. Mas o governo federal atual insiste no erro.

Banrisul
Crescem rumores aqui e ali sobre mudanças no comando do banco. A especulação da vez aponta para um ex-presidente cuja gestão produziu ótimos números. Como Mateus Bandeira é carta fora do baralho (não é segredo que ele e o governador Eduardo Leite não compartilham de simpatia mútua), os sinais apontam na direção de Fernando Lemos, que presidiu o Banrisul nos governos de Germano Rigotto e Yeda Crusius, com resultados positivos. Aguardemos.


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