Teremos respostas?

Teremos respostas?

Qual a orientação referente ao Paxlovid?

Guilherme Baumhardt

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A  Agência Europeia de Medicamentos autorizou nesta semana o uso da pílula “anticovid” da Pfizer. Trata-se do primeiro tratamento oral aprovado na União Europeia. O nome do remédio: Paxlovid. Há regras e situações bem específicas nas quais existe a recomendação da substância – apenas pacientes adultos, sem suporte respiratório, mas com risco elevado de agravamento da doença podem receber a medicação.

Não sou médico, não sou farmacêutico e não pesquiso drogas. Mas sei ler, estabelecer relações e fazer algumas perguntas – é disso que vive o jornalismo, afinal. Pesquisando aqui e ali é possível chegar à informação de que o Paxlovid é utilizado em pacientes que sofrem de artrite reumatoide, uma doença crônica que provoca inflamação das articulações. Não se trata da única substância disponível no mercado para auxiliar pacientes com a enfermidade.

No Brasil existem duas medicações que são igualmente receitadas para pessoas que sofrem com o distúrbio. São grandes as chances de você buscar na memória e encontrar o nome de uma dupla que permeou o debate sobre tratamentos (precoces ou auxiliares) para quem contraiu o coronavírus ao longo da pandemia. Sim, elas: cloroquina e hidroxicloroquina são (ou foram) receitadas há tempos para administrar a artrite reumatoide. Apenas uma coincidência? Pode ser que sim. E pode ser que não.

Não pretendo aqui reacender o debate, estabelecer novas polêmicas acerca dos remédios acima citados, principalmente porque hoje há indícios suficientemente fortes (indícios, não certezas) de que a pandemia se aproxima do fim – especialmente após a variante Ômicron, mais contagiosa e menos letal. Meu objetivo aqui é outro: será que teremos respostas sólidas para perguntas que foram feitas nos últimos dois anos e que no Brasil ganharam contornos políticos altamente prejudiciais?

Mais importante do que as respostas talvez sejam eventuais pedidos de desculpas daqueles que decretaram de maneira veemente (e talvez precoce) que iniciativas debatidas por alguns não tinham efeito. Eu particularmente cansei de ouvir a famosa expressão “tratamentos sem comprovação científica” presente tantas vezes no noticiário. Se em um futuro próximo tais certezas se desmancharem como castelos de areia na beira da praia, eu ficaria feliz em ler, ver e ouvir um “erramos”. Seria, no mínimo, digno.


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