Vai chegar o dia...

Vai chegar o dia...

Dia em que diremos adeus à pandemia se aproxima

Guilherme Baumhardt

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Ele está cada vez mais próximo. O dia em que nos livraremos das máscaras e passaremos a respirar livremente o ar puro de parques e praças das nossas cidades. Ou mesmo o ar-condicionado de shoppings centers e supermercados, sem a exigência de um pedaço de pano cobrindo os nossos rostos. Vai chegar o dia em que nossas discussões sobre vacinas serão a respeito de uma solução para a dengue ou para o vírus da Aids. E que o coronavírus e suas vacinas serão apenas uma data no calendário anual, assim como já acontece com a gripe.

Vai chegar o dia em que olharemos para a pandemia com tristeza e lágrimas nos olhos, com a saudade daqueles que partiram. E precisaremos olhar também com olhos críticos, avaliar nossos erros e acertos, para quem sabe, no futuro, acertar mais e errar menos. Afinal, uma nova pandemia virá, só não sabemos quando. Algumas destas análises já podem ser feitas hoje, mas ainda estamos no calor do momento. Convém esperar um pouco mais.

Algumas figuras públicas merecerão o ostracismo. Se faremos isso é outra história. Não sou ingênuo. Já perdi a esperança de ouvir uma autocrítica ou um mea culpa dos incoerentes, dos autoritários e daqueles que promoveram o escárnio de impor restrições a terceiros, restrições que nem mesmo eles respeitavam, mas graças ao poder da caneta e do medo que tomou conta de quase todos, fizeram valer sua vontade. O pedido de desculpas não virá.

Nossos coronalovers e pandemínions talvez precisem de auxílio. Terapia, medicações, socorro. Sim, porque a pandemia vai passar. Já está passando. E essa turma vai buscar, vai procurar outra coisa para infernizar e aterrorizar as nossas vidas, mais do que o próprio vírus o fez. E eles não encontrarão. Porque uma pandemia não brota assim, da noite para o dia, de uma hora para outra. Não por caminhos naturais, obviamente.

Nossa vida está voltando ao normal. Estamos encontrando amigos, estamos nos divertindo, estamos nos reencontrando. Estamos redescobrindo o que é viver. E que o medo faz parte da vida, mas não pode ser maior do que o próprio desejo e vontade de encarar os desafios que estão pelo caminho. Ter medo é natural e é, até certo ponto, uma autodefesa. Não fosse assim seríamos todos inconsequentes. Só espero que a gente se dê conta de que talvez, em alguns casos, tenhamos exagerado na dose ao longo dos últimos dois anos.

Bem-vindos à vida. Não sei vocês, mas eu estava com saudade.

PIB...

A economia brasileira cresceu 4,6% no ano passado, número consolidado após os dados do quarto trimestre. Sim, trata-se de uma expansão sobre uma base fraca (em 2020 houve recessão). Mas é importante lembrar, também, que o encolhimento no ano mais duro da pandemia foi consideravelmente menor do que o esperado. Em 2020, a retração foi de 3,9%, mas algumas previsões apontavam para 9%. Ou seja, o tombo à época foi mais suave, enquanto o crescimento em 2021 foi ligeiramente maior do que o previsto – o mercado esperava 4,5%. Para a turma que torce contra o país, resta chorar na cama, que é lugar quente.

... para que te quero

Há dois grandes desafios no horizonte brasileiro. O controle da inflação, um problema mundial, mas que agora tem um Banco Central com autonomia para buscar a solução. O segundo é externo e aponta na direção da Europa. A guerra Rússia X Ucrânia coloca algumas interrogações no caminho. Por outro lado, a dívida pública interna – que estourou em 2020, em função do socorro federal a Estados e municípios – está sob controle. Há ainda outros aspectos positivos. O Brasil vive uma onda jamais vista de investimentos privados, especialmente em obras de infraestrutura – o fim da exigência de outorga em vários casos é uma das explicações. Apesar das oscilações do mercado financeiro, a Bolsa de Valores brasileira permanece em patamares elevados, o que sinaliza a confiança dos investidores no país. Outro ponto: o governo encontrou espaço para reduzir impostos (IPI), e da maneira correta: para todos e sem prazo determinado. Com contas públicas equilibradas e máquina pública menos inchada, há razões para acreditar.


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