“Vai pra Cuba!”

“Vai pra Cuba!”

Além do Brasil, inúmeras outras nações possuem relações comerciais com os cubanos.

Guilherme Baumhardt

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A esquerda ironiza, faz chacota e tenta rebaixar aqueles que usam uma frase recorrente nos debates políticos: “Se é tão bom assim, então vai para Cuba!”, afirmam os críticos do regime instaurado na ilha presídio. A patota da esquerda, que defende regimes sanguinários e molda valores morais (quando existem) conforme interesses bastante peculiares, responde: “Ah, estava demorando! Este é o melhor argumento?!”, dito assim, com ares de soberba e arrogância.

Eles, na verdade, detestam o bom e velho “vai pra Cuba!” porque são raras as frases que conseguem dizer tanto com poucas palavras, de maneira tão direta. Ela escancara, ao mesmo tempo, a hipocrisia e a incoerência daqueles que defendem uma ditadura vigente há décadas. É como um tapa na cara, mas com estilo e sem agressão física, porque desperta na memória do interlocutor o fato de que, na hora de fazer uma viagem ao exterior, essa gente prefere os cafés, livrarias, museus e as grifes da Europa (especialmente Paris), do que ver in loco a miséria e a pobreza da ilha presídio.

As três palavras assim, juntas, são a síntese perfeita daquilo que regimes totalitários de esquerda produzem: fracasso econômico, degradação moral e uma tragédia humana. O argumento velho e surrado do embargo econômico norte-americano não para em pé, mas ainda é utilizado por pessoas como Lula, que mais uma vez reproduziu a cantilena de que se não fosse o bloqueio, as mazelas cubanas não existiriam. Balela, conversa para boi dormir.

Além do Brasil, inúmeras outras nações possuem relações comerciais com os cubanos. Alemanha, Espanha, França, Itália, Holanda, China e Rússia são parceiros comerciais dos cubanos. O problema é outro, uma realidade que a esquerda detesta e finge não existir: a falência de Cuba se deve a um receituário falido, que a vida real já sepultou, mas os dinossauros com uma cabeça pré-Muro de Berlim insistem em defender, com unhas e dentes. É simples: sem direito à propriedade privada, com os incentivos errados e sem liberdade, Cuba virou local improdutivo.

Quando um regime autoritário toma de assalto o poder e cala toda e qualquer voz de oposição, até mesmo tarefas simples, como distinguir o certo do errado, ficam mais distantes. Como não há liberdade (inclusive a de imprensa), o discurso oficial é o de que Cuba é pobre porque é preciso auxiliar os vizinhos latino-americanos que são ainda mais pobres. Os tiranetes propagam essa patacoada e não há voz contrária que apresente um choque de vida real. O que os números revelam é outro cenário. À exceção do Haiti, a maioria dos países do entorno vive muito melhor do que os cubanos e, em alguns casos, como na Costa Rica e Panamá, há uma explosão de crescimento e desenvolvimento nos últimos anos, com geração de emprego, riqueza e renda.

Não podemos esquecer que há uma dose extra de simpatia da imprensa com “la revolución”. Por aqui, colegas jornalistas se mostraram incapazes, ao longo de décadas, de chamar Fidel Castro do que ele realmente era: um ditador. Chamavam-no de “presidente” ou “líder”, jamais de tirano, ditador ou déspota. Vamos além. Esta mesma turma tecia loas ao assassino Castro. Uma rápida pesquisa na Internet encontra as seguintes manchetes engrandecedoras. “Fidel Castro: a morte de um símbolo revolucionário”, afirma uma. Outra, em caráter de resgate histórico, diz: “Veja as grandes datas da vida de Fidel Castro. Confira em uma linha do tempo quem foi Fidel e o que ele fez por Cuba durante a vida”. E, talvez, a mais ufanista de todas: “Fidel Castro, o homem que nunca se curvou aos Estados Unidos”. Sim, mas condenou à fome e à miséria um país inteiro, aprisionando a população no próprio país.

Por isso, meus caros, todas as vezes em que houver um debate político com um esquerdista, use, sem medo, a expressão “vai pra Cuba!”. Eles a odeiam porque sabem que poucas coisas são tão ferinas, certeiras e verdadeiras quanto à exposição assim, crua e direta, da hipocrisia dessa turma.


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