A ameaça que vem do Irã

A ameaça que vem do Irã

Tensões entre Estados Unidos, Israel e Irã aumentam após ataque em consulado sírio atribuído a Israel

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As representações diplomáticas e entidades culturais de Estados Unidos e Israel pelo mundo estão em estado de alerta, devido à possibilidade de um ataque do Irã. Este temor se acentuou desde a última terça-feira, com a ameaça feita pelo aiatolá Ali Khamenei, após um ataque, no dia 1° de abril, atribuído a Israel, ao consulado iraniano em Damasco, na Síria. Na ocasião, morreram dois dos mais importantes generais da Guarda Nacional iraniana e cinco outros assessores. Israel não assumiu, mas tampouco desmentiu a autoria do atentado. Há que considerar que um ataque a uma representação diplomática de um país, onde quer que seja, significa um ataque ao território do próprio país.

Como nem EUA nem Israel possuem representação diplomática no Irã, o governo dos aiatolás chamou o embaixador da Suíça – país que representa os dois em questão – para uma advertência. “As dimensões do ataque terrorista e do crime do regime israelense foram explicadas e a responsabilidade da administração americana sublinhada”, disse o ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian. Conforme publicou a rede norte-americana CNN, as Forças de Defesa de Israel não comentaram publicamente sobre o ataque, mas o porta-voz das FDI, Daniel Hagari, contestou que o edifício fosse um consulado. “Este é um edifício militar das forças Quds disfarçado de edifício civil em Damasco”, disse ele. O que não deixa de ser um reconhecimento do ataque. Já o jornal The New York Times informou que quatro autoridades israelenses não identificadas reconheceram que Israel executou o ataque. Os EUA, no entanto, trataram de informar ao Irã que o governo de Biden não estava envolvido e não tinha conhecimento prévio do ataque de segunda-feira, 1°, à representação diplomática. E fez um alerta ao Irã sobre qualquer ato de vingança contra alvos americanos.

Frequência

Ocorre que ataques de Israel na Síria em busca de alvos iranianos não são novidades. Acontecem com frequência, de um modo geral, buscando evitar o envio de armas e suprimentos iranianos para o Hamas, o Hezbollah ou a Jihad Islâmica, as principais organizações que aterrorizam a vida dos israelenses. Porém, em função deste mais recente episódio, tanto Israel quanto Estados Unidos estão convencidos de que haverá uma retaliação do Irã, O assunto, inclusive, foi tema de uma conversa telefônica, nesta quinta-feira, do presidente dos EUA, Joe Biden, com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O fato é que a ameaça está no ar. “Continuamos considerando que a ameaça potencial do Irã neste caso é real, é viável”, disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, a jornalistas. Em várias cidades israelenses o sinal de GPS está bloqueado, na tentativa de evitar ataques de mísseis ou drones.

As forças

A indagação que se faz é sobre que tipo de ataque o Irã pode praticar. Isto porque, conforme o episódio, pode ser considerado uma declaração de guerra. E isto os aiatolás dificilmente irão fazer, porque sabem que terão pela frente não só o exército de Israel, mas também as forças norte-americanas. A propósito, em termos de contingente militar o Irã é o segundo maior exército do Oriente Médio, vindo atrás apenas do Egito. Um levantamento feito pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS, na sigla em inglês) e atualizado pela última vez em fevereiro de 2023 mostra que o Irã tem um contingente militar de 650 mil pessoas e que a Guarda Nacional, que é uma divisão importante das forças armadas iranianas, é responsável por 190 mil combatentes. Já Israel tem 177,5 mil militares, entre Exército, Marinha, Aeronáutica e outras forças. Esse número, no entanto, não considera os reservistas, convocados quando há conflito.

Bomba Atômica

O grande diferencial bélico é o fato de Israel possuir bombas atômicas. De acordo com a Federação dos Cientistas Americanos (FAS), Israel é o único país da região que possui armamento nuclear, embora o governo israelense não reconheça possuir tais bombas. Já o Irã tem enriquecido urânio a um nível próximo do necessário para se criar uma bomba nuclear, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) obtido em 2023 pela Agência France-Presse. No entanto, não há indícios de que o país tenha ogivas nucleares. O fato é que Israel e Irã são inimigos mortais, o que deixa permanentemente no ar a perspectiva de um confronto militar entre ambos.


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