A bandeira da Palestina

A bandeira da Palestina

Acampamentos de estudantes já estão surgindo em universidades da França, Reino Unido, Itália e Espanha

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A bandeira da Palestina, que desde o dia 18 de abril tem tremulado em pátios de universidades norte-americanas, começou a aparecer agora também em universidades europeias. O pano de fundo segue sendo a indignação de estudantes com o elevado número de civis mortos em Gaza, não faltando, evidentemente, manifestações antissemitas. E o medo dos dirigentes universitários europeus é de que os distúrbios que têm acontecido nos Estados Unidos venham a ocorrer também ali. O que é muito provável. Acampamentos de estudantes já estão surgindo em universidades da França, Reino Unido, Itália e Espanha.

Nos Estados Unidos o movimento se estendeu de costa a costa. Desde a Universidade de Columbia, em Nova York, onde começou, até a UCLA – Universidade da Califórnia Los Angeles, onde houve uma forte reação da polícia, na quinta-feira, 02, tentando desmontar os acampamentos. As manifestações nos EUA, além de terem provocado choques entre estudantes pro Palestina e os pro Israel, teve também confrontos de estudantes com a polícia. Esses episódios, porém, levantam uma discussão sobre liberdade de expressão, antissemitismo e censura. Algo que envolveu até o presidente Joe Biden, que afirmou que tanto a liberdade de expressão como a lei deveriam ser respeitadas nas manifestações. "Não somos uma nação autoritária na qual silenciamos as pessoas e esmagamos vozes dissidentes. Mas também não somos um país sem lei. Somos uma sociedade civil e a ordem precisa prevalecer", disse.

LIMITE

O fato é que os limites envolvendo estas questões é tênue e muitos aspectos estão presentes. É preciso, por exemplo, separar o que sejam manifestações antissemitas e o que sejam manifestações pro Palestina. E dentre estas últimas, também é preciso separar o que sejam manifestações pro terrorismo do Hamas e o que sejam simplesmente em defesa, dentro da lei, do tão almejado Estado da Palestina. É preciso separar, igualmente, o que sejam manifestações pacíficas, dentro da ordem estabelecida, com as que se enquadram como badernas. Assim como também podem ser questionados os limites da atuação policial. Se este limite está dentro do convencimento aos manifestantes para levantarem seus acampamentos, ou se trata de uma mera ação repressora, conforme o presidente Biden entendeu que estava acontecendo.

EUROPA

Como seria de esperar, na Europa a mobilização começou pela tradicional Sorbonne, em Paris. E as manifestações radicais logo predominaram. De parte da deputada esquerdista Rima Hassan, do partido LFI, França Insubmissa, que escreveu no X: “Estudantes da Sorbonne mobilizados para denunciar o genocídio em curso em Gaza”. Até a presidente da Região de Paris, a direitista Valérie Pécresse, para a qual “o movimento é de uma minoria de radicais que espalham o antissemitismo, que é instrumentalizado pelo LFI e seus aliados islamo esquerdistas”.

Estas visões radicais sufocam a daqueles que não estão em nenhum desses dois lados, mas, defendendo aquilo que passou a ser um consenso mundial, que é a necessidade de concretização do Estado da Palestina. Algo que é defendido por quase uma centena de países, inclusive os EUA. Muito embora, por fidelidade a Israel, neste momento em que o país está em guerra, os EUA tenham votado contra esta ideia no Conselho de Segurança da ONU.

BLOQUEIOS

E justamente pelo fato de o movimento estar imerso nessa nuvem ideológica, que não permite distinguir o que seja cada uma dessas manifestações. Mas o certo é que o movimento se espalha e em cada ponto os estudantes vão colocando suas reivindicações. Em universidades italianas como Turim, Pisa, Bologna e Roma, os estudantes exigem a suspensão da colaboração com Israel enquanto a questão palestina não for solucionada. Já na Espanha, segundo a agência EFE, o principal movimento se dá na Universidade de Valência, onde os manifestantes dizem que seguirão firmes até que aconteça o fim do que chamam de “genocídio palestino”.

No Reino Unido, onde o primeiro ministro Rishi Sunak pediu aos reitores que se mostrem firmes, o movimento já chegou às universidades de Manchester, Leeds, Bristol, Newcastle, Leicester e Edimburgo. O porta-voz do Governo foi claro: “Sempre deixamos claro que as pessoas tem o direito a protestar de modo pacífico e respeitoso com a lei, porém, sem abusar ou intimidar outras pessoas”. O problema é este preceito ser cumprido. Mas a realidade é que a bandeira da Palestina passa a tremular também pelas universidades da Europa.


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