A “mãe brasileira” está de volta

A “mãe brasileira” está de volta

‘Mãe brasileira’ volta ao cenário latino-americano

Jurandir Soares

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O encontro previsto para esta terça-feira, em Buenos Aires, entre os presidentes Lula da Silva e Nicolás Maduro foi suspenso, segundo as informações, a pedido da Venezuela. Muito possivelmente esta justificativa tenha sido resultado de uma manobra diplomática, tamanho o descalabro que representa um encontro com ditador venezuelano. Pode-se contestar toda essa efusiva reaproximação com a Argentina, tendo em vista o desgoverno de Alberto Fernandez, que está afundando o país. Porém, se trata de um presidente democraticamente eleito. Diferentemente de Maduro, de Miguel Diaz-Canel, de Cuba, de Daniel Ortega, da Nicarágua, etc. Ditadores.

Lula usou uma frase de efeito para justificar seu encontro com Maduro. “Você não pode parar de falar com alguém porque a pessoa não concorda com você”, afirmou ele. Realmente não se pode deixar de falar com outra pessoa que pense diferente de nós, desde que ela esteja agindo dentro da legalidade. O que não é o caso de Maduro. As leis na Venezuela foram violentadas para que o sistema implantado por Hugo Chávez pudesse se perpetuar. E, se eu tenho alguém que posso até simpatizar como pessoa, mas que age fora da lei, eu estabeleço distância. Dou o conselho de que procure se reajustar. O governo Lula já reatou relações com a Venezuela, anunciando a reabertura da embaixada em Caracas e de mais três consulados, dando uma dimensão de importância como se fosse um grande parceiro comercial. É sempre bom lembrar que se trata de um regime que afundou a economia do país. Que fez com que 5 milhões de seus cidadãos fossem buscar forma de sobreviver em outros países da região. Aqui no Brasil não param de entrar venezuelanos pela fronteira de Roraima. Mesmo advertidos sobre as escassas possibilidades de emprego por aqui, eles alegam que pelo menos conseguem o que comer. No país que tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo, os motoristas precisam entrar em longas filas para abastecer seus veículos. Este mesmo país é o campeão mundial de inflação, com um índice que nem se consegue dimensionar. De acordo com a ONG Cedice, o ano de 2022 fechou com uma inflação de 332,43%. 

Lula tem encontro programado também com o cubano Miguel Diaz-Canel, para quem vale o mesmo que foi dito a respeito de Maduro. Dirige outro país em que as liberdades básicas de opinião e de locomoção não existem. Onde os movimentos reivindicatórios de democracia são sufocados pela força e seus manifestantes presos. Mesmo com o rígido controle, o país está enfrentando uma fuga em massa. Basta ver o número dos que estão chegando por aqui. Cuba é outro país beneficiado com obras cujo financiamento não foi pago. Aliás, segundo divulgou o Portal R7, Cuba e Venezuela aplicaram um calote de 3,5 bilhões de reais no BNDES. Ou seja, na população brasileira.

O presidente que retorna ao poder está sendo festejado pelos regimes esquerdistas da América Latina pela perspectiva de que o Brasil volte a ser o grande financiador dos mesmos países, deixando de aplicar o dinheiro em obras aqui, para financiá-las lá fora. E o que é pior, mesmo que isto represente a perda desse dinheiro com o calote pelos beneficiários, conforme já mencionado. Alberto Fernandez já conseguiu o financiamento para as exportações brasileiras para seu país. Conseguiu também financiamento para um gasoduto que deverá se estender desde a Patagônia até o Rio Grande do Sul. Fica a expectativa de que se chegará aqui mesmo ou se ficará apenas por território argentino. Há também uma curiosidade com relação à presidente de Honduras, Xiomara Castro de Zelaya, a qual anunciou que viria à posse de Lula para destravar dois empréstimos para a construção de represas em seu país. Enfim, tudo por conta da “mãe brasileira” que parece estar de volta ao cenário latino-americano.


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