A monarquia sobreviverá?

A monarquia sobreviverá?

Jurandir Soares

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A rainha Elizabeth II foi uma figura que mais cumpriu com o que se chama “liturgia do cargo”. Desempenhou com altivez suas funções ao longo dos 70 anos de reinado, durante os quais passaram por sua frente 14 primeiros-ministros britânicos. Apesar das contestações, ela conseguiu manter em alta o prestígio da monarquia. Pesquisa realizada pelo Instituto YouGov, em abril de 2021, indicou que  61% dos britânicos preferiam manter um monarca como chefe de Estado, contra 24% dos que gostariam de eleger seu representante institucional. Os pró monarquia haviam se reduzido levemente em relação aos 65% que deram resposta semelhante em 2019, mas ainda era o dobro dos republicanos.

Não é simples, porém, determinar a parcela dessas respostas influenciada pela popularidade da rainha Elizabeth II. Os que diziam ter opinião positiva sobre a rainha eram 83%, enquanto 60% diziam o mesmo do sucessor imediato, o príncipe Charles. E, embora a rainha tivesse 95 anos à época da sondagem, quase dois terços (64%) queriam que ela ficasse no cargo até o fim da vida. Apenas um quinto (19%) preferia que ela renunciasse.

Agora assume o trono o filho Charles, sob o título de Charles III, porém, uma figura que está muito distante do carisma da mãe. Pelo contrário, é muito contestado. E mais contestada ainda é sua esposa Camila, a nova Rainha Consorte. Afinal, ela foi responsável pelo afastamento de Charles da então esposa Diane, adorada pelos súditos, que lhe deram o título de “Princesa do Povo”. Diante disto, não é de se duvidar que o mandato de Charles seja curto e que ele venha a renunciar em favor do príncipe William, este sim, adorado pelo povo.

Acabar a monarquia no Reino Unido é algo muito difícil. Embora sejam poucas que restam no mundo, a britânica é muito representativa e é fator de renda para o país. Basta ver o número de pessoas que se concentram diariamente à frente do Palácio Buckingham para ver a troca da guarda. Ou os cenários de conto de fada que envolvem os casamentos de cada um dos descedentes de Elizabeth II. É gente que está levando dinheiro para o país. A monarquia ajuda a impulsionar o turismo e, em consequência, os seus rendimentos. Há que considerar ainda que no caso britânico, a família real tem seus próprios negócios, como a criação de cavalos de raça, que era mantida pela rainha recém falecida.

Para finalizar cabe ressaltar: vai custar para aparecer um ocupante do trono britânico com o carisma e a simpatia de Elizabeth II.


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