A paz no Oriente Médio

A paz no Oriente Médio

Israel é o aliado que os árabes precisam

Jurandir Soares

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A segunda-feira que passou assinalou um fato significativo na história do Oriente Médio. Um avião da El Al realizou o primeiro voo ligando Tel Aviv a Abu Dabhi. Ou seja, ligando Israel com um país árabe. Para a realização desse voo, a Arábia Saudita autorizou o sobrevoo de seu território, assinalando uma outra mudança nas relações regionais. O voo é decorrência do acordo de paz assinado em 13 de agosto entre Israel e os Emirados Árabes Unidos. Acordo este que, pelo que se observa, deverá ter também a adesão dos sauditas, além de outros países da região.

Dois aspectos precisam ser analisados neste contexto: o que está levando os países árabes a mudar de posição com relação a Israel e como fica a situação dos palestinos. Quanto à primeira questão, os árabes sempre alicerçaram suas administrações com base no petróleo, num certo isolamento e no antagonismo a Israel, em defesa da bandeira palestina. Em nome disso, fizeram quatro guerras contra Israel. Perderam todas. O mundo mudou, e o dinheiro do petróleo fez as monarquias mudarem também. Viram que seu produto pode ser finito, e passaram a investir em outras áreas, especialmente, na inovação e no turismo. E tanto uma quanto a outra não combinam com atraso. Hoje o mundo está globalizado, e um país cresce com intercâmbio. E Israel está ali ao lado. Com todos os avanços que a ciência e a tecnologia proporcionam. Com alta tecnologia na dessalinização da água. E com uma atividade turística intensa, apesar das questões de segurança. E mais ainda: com seu poderio bélico, Israel é um anteparo para o Irã, país que tenta se impor no Oriente Médio. Ou seja, é o aliado que os árabes precisam.

Mas, e os palestinos? Bem, estes seguem reivindicando o estabelecimento de seu estado em terras da Cisjordânia, onde Israel tem avançado com a construção de colônias. Recentemente, os Estados Unidos apresentaram um plano para a região, contemplando o Estado da Palestina, porém, dando a Israel não só as áreas hoje ocupadas, como também toda a parte fronteiriça com a Jordânia, ao longo do rio Jordão. Os palestinos chiaram e seus irmãos árabes se calaram. Seguiram negociando secretamente com Israel, conforme confirmou o próprio primeiro-ministro Benyamin Netanyahu. E, segundo vazou, impuseram como condições para o acordo que Israel pare onde está. Assim, Netanyahu, que disse que iria conseguir a paz e territórios, consegue o que queria – as áreas que já ocupa – e tira o bode da sala, que era a área limítrofe da Jordânia. Resta aos palestinos se darem conta do que perceberam os árabes que estão fazendo as pazes com Israel: que é muito mais produtivo ser amigo de Israel do que ser inimigo.


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