Biden reage

Biden reage

Nos EUA, o contestado Biden conseguiu resisti

Jurandir Soares

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Diferentemente do Brasil, as eleições nos Estados Unidos não têm urna eletrônica. O voto é impresso e se pode votar até pelo Correio, daí o fato de até hoje ainda não se ter um resultado final do pleito desta terça-feira, quando foram renovadas as 435 cadeiras da Câmara dos Representantes, um terço ou 35 cadeiras do Senado e mais 35 cargos de governador. É possível que para o Senado a definição só ocorra após 6 de dezembro, quando acontece o segundo turno na Georgia, entre o democrata Raphael Warnock, que obteve 49,4% dos votos na terça-feira e o republicano Herschel Walker, que ficou com 48,5%. Para o Senado, uma das eleições mais disputadas foi a da Pensilvânia, que, pela sua importância esteve a visitá-la nos dias finais de campanha o presidente Joe Biden e os ex-presidentes Barack Obama e Donald Trump. Resultou vencedor o democrata John Fetterman.

Se no Senado o quadro não é de mudança significativa, para a Câmara de Representantes, seguindo a tradição, a maioria possivelmente será recuperada pelos Republicanos. Porém, não aconteceu a chamada “onda vermelha” que era esperada pelos Republicanos. Afinal, desde 1860, somente em três ocasiões o partido no governo conseguiu manter a maioria. Em alguns casos recentes houve mudança brusca. Em 2010, nas primeiras midterms de Barack Obama, os republicanos viraram 63 cadeiras para o partido. No começo do governo Bill Clinton, em 1994, os republicanos conquistaram 54 assentos. A composição hoje é de 220 democratas e 212 republicanos. Três cadeiras estão vagas por morte ou renúncia.

No que toca a governos estaduais, algumas conquistas marcantes. Três mulheres foram eleitas. No Arkansas, Sarah Sanders, ex-porta-voz de Trump. Em Massachusetts, a democrata Maura Healey e no Oregon Tina Kotek. As duas últimas declaradamente lésbicas. Já Maryland elegeu o democrata Wes Moore, o primeiro negro a governar o estado. Na Flórida, o governador republicano Ron de Santis foi reeleito com larga margem de vantagem, se habilitando a ser um forte candidato do partido à eleição presidencial de 2024. Ou seja, se Donald Trump esperava uma vitória retumbante dos republicanos, com um consequente revés para Joe Biden, alicerçando seu retorno à Casa Branca, agora surgiu um forte rival para ele dentro do próprio partido. Cabe salientar a convicção que existe nos EUA de que um governo dividido é bom para os negócios, porque a ausência de controle total impede qualquer um dos partidos de fazer algo extremo demais.

Enfim, o quadro que fora pintado antes do pleito era de uma derrota significativa de Joe Biden, em função de dois motivos: a inflação girando em torno e 9%, com a consequente perda de poder aquisitivo da população, e o prestígio em baixa do presidente, pois 54% dos norte-americanos desaprovam seu governo. No entanto, o contestado Biden resistiu. E nesta sexta-feira ele somou pontos junto à COP 27, a cúpula do clima que se realiza no Egito, ao dizer que “a crise climática é sobre segurança humana, segurança econômica, segurança ambiental, segurança nacional e a própria vida do planeta”. Um discurso para encantar os ambientalistas, embalado pelo anúncio de uma verba de 150 milhões de dólares, em novo apoio para acelerar os esforços do seu Plano de Emergência para Adaptação e Resiliência, destinado para a África. E para completar, dentro do mesmo contexto, nesta segunda-feira, 14, Biden se reúne com o líder chinês Xi Jinping para tratar das relações entre as duas potências. Deve seguir com um discurso firme, cobrando do chinês ações para que a China deixe de ser um dos maiores poluidores do planeta.


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