Bonitinha mas ordinária

Bonitinha mas ordinária

Jurandir Soares

publicidade

Peço licença ao grande dramaturgo Nelson Rodrigues para usar o título de uma de suas obras, pois se adapta bem ao caso da grega Eva Kaili, uma linda loura de olhos azuis, que aos 44 anos galgou o posto de vice-presidente do Parlamento Europeu. Ela foi presa nesta semana ao ser comprovada sua atuação, junto ao Parlamento, de favorecimento ao Catar. Ação imediata, sua destituição num resultado contundente: 625 deputados votaram a favor e apenas um votou contra. Além dela, que era um dos 14 vice-presidentes do Parlamento, outras três pessoas foram presas e acusadas na Bélgica de receberem propinas e presentes em troca de garantir ao país do Oriente Médio influência no bloco.

Segundo as informações da EuroNews, licenciada em arquitetura, com estudos em engenharia civil e assuntos europeus, Eva Kaili começou a sua carreira como jornalista no Canal Mega, na Grécia. Em 2007, foi eleita para o Parlamento grego, como membro do Pasok, o partido socialista, que era então uma das principais forças políticas do país mediterrânico. Dois anos mais tarde, o Pasok entrou no governo sob a liderança do primeiro-ministro George Papandreou, que enfrentou enormes críticas sobre a sua gestão da crise da dívida soberana.
Com o agravamento da crise grega, Kaili candidatou-se ao Parlamento Europeu e foi eleita em 2014, juntando-se ao poderoso grupo Socialista & Democratas (S&D), a segunda maior formação do hemiciclo, e rapidamente adquiriu a reputação de acessível e amiga da mídia. Elevou o seu perfil como legisladora ao envolver-se na agenda digital, cada vez mais proeminente da UE, a nível de temas complexos como inteligência artificial, cibersegurança e cibermoeda. Ao longo dos anos, fez parte de várias comissões parlamentares, inclusive como membro substituto na Delegação para as relações com a Península Árabe (DARP).

A carreira de Kaili atingiu o auge em janeiro deste ano, quando foi nomeada uma das 14 vice-presidentes do Parlamento Europeu, posição que reflete o apreço entre os seus colegas parlamentares. Após a detenção na sexta-feira, a eurodeputada foi expulsa do Pasok e suspensa do grupo S&D, e os seus bens pessoais foram congelados pelas autoridades gregas. Fim para uma carreira promissora, mas, que cedeu à tentação das falcatruas compradas com os petrodólares do Catar.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895