Brasil está desacreditado

Brasil está desacreditado

De fato conseguiu, só que da pior maneira possível.

Jurandir Soares

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Quando assumiu a presidência, Lula disse que iria recolocar o Brasil no cenário internacional. De fato conseguiu, só que da pior maneira possível. Aliou-se à ditadura chinesa, não condenou a Rússia pela invasão da Ucrânia, equiparou o país invadido com o invasor, disse que o presidente ucraniano Volodimir Zelensky não faz nada para acabar com a guerra e acusou o Ocidente de fomentar o conflito ao mandar armas para a Ucrânia. Para completar, recebeu em Brasília o chanceler russo Sergei Lavrov, o qual ressaltou a identidade de posicionamentos de Brasil e Rússia. Não foi sem razão que levou pau do governo norte-americano, do secretário-geral da Otan e da presidente da União Europeia. Como disse o jornalista Lourival Santana, “a reputação de Lula está em queda livre nos Estados Unidos. Os republicanos têm zero de boa vontade para aprovar verbas para a Amazônia”. Aliás, segundo o Imazon, “a devastação da floresta amazônica triplicou em março”.

Lula teve ainda a pretensão de trabalhar junto com o chinês Xi Jinping por uma nova ordem da geopolítica internacional, além de se arvorar como mediador para a guerra da Ucrânia. Um conflito sobre o qual conhece tão pouco que o presidente Zelensky o convidou para ir a Kiev para ver a realidade da guerra. Por isto, volto a invocar Santana, “se a reputação de Lula fosse uma ação na Bolsa de Valores, estaria vivendo o crash de 1929”.

Ao estar com Xi Jinping, Lula sequer lembrou de falar com ele sobre o plano de paz que fez para a guerra da Ucrânia. Algo que estão buscando fazer agora o presidente norte-americano Joe Biden e o seu colega francês Emmanuel Macron. Isto porque, o plano de Xi contempla a retirada russa de todos os territórios ocupados da Ucrânia, inclusive a Crimeia, que Lula disse que Zelensky deveria entregar para a Rússia. A articulação não é fácil porque ao tratar com a China os EUA levam em consideração a situação de Taiwan, que está sempre sob o risco de uma invasão chinesa. Mas há também o risco de a situação escorregar para uma confrontação do Ocidente com Pequim, o que poderia levar aquele regime a se aliar de vez com a Rússia, fornecendo-lhe armas. Macron esteve recentemente na China e conseguiu alguns pontos com Xi. Em comentários relatados pela mídia estatal CCTV, Xi disse que China e França têm capacidade e responsabilidade de transcender “diferenças” e “restrições” à medida que o mundo passa por profundas mudanças históricas.

Enquanto não se encontra o caminho da paz, o Ocidente trata de reforçar a ajuda à Ucrânia em armamentos. Nesta quarta-feira, os EUA fizeram a entrega de sistemas de defesa antimísseis Patriot. Depois de terem enviados 31 tanques Abrams, que foram se juntar aos Leopard 2 fornecidos pela Alemanha. A Holanda também mandou dois Patriot. São muitos os armamentos que estão chegando, num momento em que o presidente Zelensky volta a pleitear o ingresso da Ucrânia na Otan. Fez isto nesta quarta-feira ao receber em Kiev o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg. Zelensky conseguiu a promessa de ser convidado para a próxima reunião da Otan. Só que este ingresso agora é inviável. O artigo 5 da carta da Otan prevê que uma agressão a um de seus membros será respondida por todos. O que significaria que a Otan teria que entrar em guerra direta contra a Rússia, o que é descartado.

Assim é que a mediação está difícil de acontecer, a guerra tende a continuar e o prestígio do Brasil despencou no cenário internacional pelas desastradas manifestações de Lula.


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