Decisão nos Estados Unidos

Decisão nos Estados Unidos

Joe Biden corre o risco de perder o controle do Senado

Jurandir Soares

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Os norte-americanos irão às urnas nesta terça-feira, 8, nas chamadas midterms, eleições de meio de mandato, que costumam ser decisivas para quem está no poder. No caso atual de Joe Biden, ele está sujeito a perder o controle do Senado, onde há 50 democratas para 50 republicanos e a maioria para o lado do governo só se dá pelo voto da vice-presidente Kamala Harris. Para o Senado estarão em jogo 35 vagas, um terço das cem cadeiras, sendo que o mandato é de seis anos. Já para a Câmara de Representantes de 435 membros, cuja eleição é a cada dois anos, será renovada a metade. Na Câmara, o Partido Democrata tem 220 integrantes contra 212 do Partido Republicano. Acrescente-se ainda que 35 dos 50 estados realizarão eleição para governador. Ou seja, teremos uma renovação de 70% da atual configuração.

Essas eleições de meio de mandato são conhecidas historicamente por trazerem uma mudança do quadro eleitoral, quase sempre desfavorável a quem está no governo. Desde 1860, somente em três ocasiões o partido no poder teve um resultado favorável. É nisto que o ex-presidente Donald Trump está apostando para alicerçar sua volta ao poder nas eleições de 2024. Uma vitória republicana na terça-feira abala programas de Biden, como os relacionados à imigração, ao aborto, porte de armas e mudanças climáticas. E a popularidade de Biden está em baixa atualmente. Pesquisas apontam que 54% dos estadunidenses desaprovam o seu governo. E não poderia ser diferente em função da inflação que insiste em permanecer em torno dos 9%. Aliás, na eleição de 2020, Trump estava com tudo para se tornar vitorioso, pois a economia estava em alta e ele era apontado com franco favorito. Porém, veio a pandemia e a economia despencou, fator decisivo para levar Biden à vitória. Hoje, além da inflação, Biden sofre com a crise migratória que jorra milhares de pessoas diariamente para dentro do território americano de forma clandestina, fazendo aumentar o desemprego e a violência. Fatores refletidos pelo crescente número de barracas que são montadas nos centros das grandes cidades pelos sem teto e pelos drogados. Algo que tem aumentado de forma exponencial.

Para tentar ajudar Biden, saíram a campo, além da vice Kamala Harris, o ex-presidente Barack Obama e a ex-secretária de Estado Hillary Clinton. Os quais têm percorrido várias estados nos últimos dias. Trump, por sua vez, também tem se mobilizado, embora a contestação de alguns integrantes do Partido Republicano que não o querem como candidato. Porém, quando Trump foi vencedor, também um número significativo de republicanos não o queria, até porque ele não era um membro histórico do partido. No entanto, ele foi vencendo uma a uma as prévias partidárias e acabou também derrotando Hillary Clinton, que era apontada como favorita na eleição presidencial. Nesta terça, ele vai se colocar como o motivo das vitórias republicanas e vai tentar usá-las como um trampolim para um lançamento de campanha presidencial que pode começar pouco depois. Esta é a expectativa para as eleições. O que se espera é que não surjam acusações de fraudes, como aconteceu no último pleito, o que culminou com a invasão do Capitólio, episódio que se constituiu numa das maiores nódoas à democracia norte-americana.


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