Desafios e ameaças da China

Desafios e ameaças da China

Como a China se portará diante de seus desafios

Jurandir Soares

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Começou neste domingo que passou o 20° Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês, evento que deve referendar o nome de Xi Jinping para um terceiro mandato, mas, ao mesmo tempo, deve discutir os grandes desafios que a potência asiática tem pela frente. E estes não são poucos para um país que é a segunda maior economia mundial, mas que tenta se equilibrar com um sistema que contempla economia aberta e política centralizada. É difícil empurrar goela abaixo de uma população, onde já tem 300 milhões de ricos, um sistema que não dá liberdade de escolha dos governantes entre outras coisas. E uma crescente população urbana, cada vez com maior poder aquisitivo e conhecimento do que ocorre no mundo, graças aos avanços tecnológicos.

Acostumado a um crescimento do PIB que chegou a 14,2% em 2007, o regime agora encara um avanço com sorte de 3,3% em 2022, segundo o Fundo Monetário Internacional.

Transpirou que os dirigentes chineses temem que venha a acontecer com o país o mesmo que ocorreu com o regime comunista da ex-União Soviética. Eles veem a glasnost, a abertura política ditada por Mikhail Gorbachev, como a causadora do colapso do regime. No entanto, há uma diferença muito grande da China atual para a União Soviética pré Gorbachev. E esta diferença se dá na economia. A URSS faliu por ter uma economia centralizada, tudo estava na mão de um estado inoperante e corrupto. Enquanto o povo passava fome os integrantes da cúpula comunista se deliciavam em suas dachas. Em um mundo de constante integração e avanço tecnológico, a Rússia e seus satélites foram ficando para trás. E, quanto mais atraso, mais repressão. Não foi sem razão a festa que se deu a 11 de novembro de 1989, quando o Muro de Berlim veio abaixo. Era a comemoração pelo fim de um regime repressivo e retrógrado. O que logo veio a acontecer com a própria Rússia, dando fim à União Soviética.

Voltando à China, esta, com seu regime híbrido, permitiu a melhoria da qualidade de vida da população. Mas está faltando para a mesma, um elemento essencial: a liberdade. A última grande manifestação nesse sentido foi sufocada pelos tanques na Praça da Paz Celestial, em 1989. Manifestação essa que veio na esteira do que acontecia na União Soviética. Na China, se economia se abre, a política se fecha. Exemplo mais nítido é o que está acontecendo com Hong Kong. Aquela ilha de liberdade, de grandes negócios e excelente qualidade de vida foi sufocada pelo tacão de Pequim. Pior do que isto pode acontecer com Taiwan, que a China considera uma província rebelde e quer anexar. Já está sendo admitida abertamente a possibilidade de esta conquista se dar pela força. O que, se acontecer, será uma tragédia maior do que a que está vivendo a Ucrânia. 


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