E agora Sunak?

E agora Sunak?

Não são poucos os desafios para o novo primeiro-ministro do Reino Unido

Jurandir Soares

publicidade

Liderar um esforço nacional para aumentar o suprimento de energia doméstica, cortar desperdícios e trabalhar para que o Reino Unido esteja totalmente independente de energia por volta de 2045. Esta a primeira promessa de Rishi Sunak, o britânico de ascendência indiana que, aos 42 anos, está assumindo como primeiro-ministro do Reino Unido. Não chegou a mencionar a inflação de 10% que vigora no país, algo que não acontecia desde o início da década de 1970. É certo que a energia é um importante fator a impulsionar a inflação, mas há vários outros. São ligados aos efeitos da pandemia, da guerra na Ucrânia e do Brexit. Com o Brexit, hoje o Reino Unido está isolado de seus parceiros europeus, com os quais até há pouco negociava livremente. Deixa de participar de 41 acordos que o bloco possui com mais de 70 países. E sem contar com o auxílio que o Fundo Europeu fornece para os parceiros endividados. Outra decorrência da saída do país da União Europeia é a perda do direito de trabalhar ou estudar em qualquer país do bloco, fato que está provocando a revolta dos jovens.

O fato é que o Reino Unido caminha para uma recessão. Os trabalhadores estão entrando em greve, enquanto a inflação corrói seus padrões de vida. E milhões de pessoas e milhares de empresas precisam de alívio imediato das crescentes contas de energia para sobreviver ao inverno. São problemas para serem resolvidos no curto prazo. Não dá para esperar até 2045 como propõe Sunak. Porém, se seu governo tomar muito dinheiro emprestado, corre o risco de aumentar ainda mais a inflação e inflamar o medo crescente entre os investidores de que as finanças do país estão se tornando insustentáveis. Isso poderia levar a libra a uma queda maior do que vem tendo, o que aumentaria ainda mais os preços e tornaria mais difícil pagar por importações essenciais.

O Reino Unido depende muito de investidores estrangeiros para jogar dinheiro em sua economia para que possa, inclusive, pagar suas importações. As quais, como já ressaltei, com o Brexit, se tornaram mais caras. E a libra, uma das moedas mais valorizadas e estáveis do mundo, está perdendo força ante o dólar americano. Já desvalorizou cerca de 15% na comparação, atingindo o mais alto patamar de baixa desde 1985. Não são poucos os desafios que se apresentam a Rishi Sunak para tirar o país do buraco em que se meteu. Buraco este que só aumentou com a efêmera passagem de Liz Truss pelo governo, com sua decisão de profundos cortes de impostos. Sunak tem a seu favor a experiência vivida como ministro das Finanças.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895