Economia do Chile balança, mas país ainda é ótima atração

Economia do Chile balança, mas país ainda é ótima atração

E este me disse que a macroeconomia vai bem, mas a microeconomia vai mal.

Jurandir Soares

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Quando viajo, a primeira consulta que faço sobre o país a que estou chegando é com o motorista do táxi que me conduz do aeroporto para o hotel. Assim procedi ao chegar ao Chile, no domingo passado. E este me disse que a macroeconomia vai bem, mas a microeconomia vai mal. Ou seja, o país segue produzindo, segue exportando, mas o poder aquisitivo da população está em baixa. E o pior, o país passa a conviver com algo que não conhecia, a violência de rua. E como o país está em meio à votação de uma nova Constituição que divide as opiniões, fiz uma consulta a respeito ao motorista que nos conduzia, outro dia, de Santiago ao Vale do Maule. E este foi contundente: “Estamos sob a pressão de uma esquerda que não entende que devemos dar força à empresa, porque é esta que gera recursos e empregos. Querem taxar as empresas para gerar mais recursos para um estado que gasta mito mal o que arrecada”. Estas colocações, de uma forma ou de outra, foram referendadas por figuras de expressão com quem conversei, em especial por ocasião de um evento internacional na Universidade Católica do Chile. 

O grande desafio para o governo esquerdista de Gabriel Boric, atualmente, é o controle da inflação, que em 2022 fechou em 12,8%. Assim como buscar segurar o valor do peso, que tem caído muito nos últimos meses. Nesta sexta-feira, 10, eram necessários 880 pesos para comprar um dólar norte-americano. Já o nosso real permitia receber 182 pesos.

Todavia, os preços dos produtos, de modo geral em restaurantes e supermercados, se equivalem aos preços praticados no Brasil. As taxas de juros baixaram de 10,25% para 9,50%, graças à redução na inflação que passou a acontecer este ano. A economia do Chile encolheu 0,6%, no primeiro trimestre de 2023, comparado com o mesmo período do ano passado, após queda de 2,3% no trimestre anterior. Apesar de tudo, o Chile ainda é país de menor pobreza na América Latina. Sua taxa é de 6,5%, sendo 2% de pobreza extrema. Em Santiago, onde vivem cerca de 7,5 milhões de pessoas, a taxa de pobreza é de 4,3%.

O maior problema do país atualmente é aquele que já abordei na coluna de quinta-feira, ou seja, a criminalidade. Os chilenos estão impressionados com o crescimento da violência urbana, com assaltos à mão armada e até latrocínio. Assim como viram surgir o crime organizado, com suas ações de execuções, corrupção e pressão sobre os setores institucionais do país. Mesmo em meio a esse cenário, o país segue sendo um grande exportador de minérios e pescados. O Chile é o maior produtor do mundo de cobre. E, além deste, exporta ferro, prata e ouro. E o salmão é o carro-chefe das exportações de pescados.

Mas o que interessa para quem quer visitar o Chile é o que o país oferece ao turista. E aí o elenco é enorme. A começar pelo vinho de alta qualidade que é produzido no país, cujo carro-chefe é o da uva Carménère. Ou a bebida nacional, o pisco. Os arredores de Santiago são cercados de vinícolas, com serviços de degustação e de hotelaria. Estas se estendem para sul do país. E uma boa opção em um jantar é um prato com salmão e um bom vinho. Quem quiser ir ainda mais para o sul encontrará a região dos lagos, que ladeia com área semelhante de Bariloche, na Argentina. Já para o norte, tem o deserto de Atacama, com seus geisers e o maior observatório astronômico do mundo. Foi construído ali com apoio da União Europeia por ser uma área em que a chuva é muito rara e a noite estrelada permite uma visibilidade extraordinária do universo. Porém, quem quiser permanecer apenas em Santiago pode desfrutar excelentes restaurantes, com múltiplas opções de comidas, passando, logicamente, pela culinária local com os pescados e assados. É imperdível uma subida até o topo do edifício Costanera, o mais alto da cidade, e desfrutar de uma visão panorâmica desta metrópole situada aos pés dos Andes.


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