Eleições e processos eleitorais

Eleições e processos eleitorais

Com relação à Rússia, que terá eleição nos próximos dias 15 a 17, se pode assegurar que Putin será o vencedor, com cerca de 90% dos votos. Não por pesquisas sérias que sejam realizadas, mas por nem se saber quem são seus opositores.

Jurandir Soares

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Este ano de 2024 será marcado pela realização de eleições em diversos países. No entanto, nem todos esses países terão pleito confiável. Sem contar eleições parlamentares, que podem acontecer a qualquer momento, teremos eleições presidenciais nos Estados Unidos, Rússia, Taiwan, Índia, África do Sul, México e Venezuela. Ao começar a análise pelas duas maiores potências, já se percebe a diferença abismal que existe no processo eleitoral em um e outro país.

Nos Estados Unidos, a maior economia do mundo, o cidadão norte-americano poderá escolher livremente se quer dar mais um mandato para o atual presidente, Joe Biden, ou se quer a volta de Donald Trump ao poder. É preciso salientar que este último, pela primeira vez na história do país, chegou a tentar manchar o processo democrático, na medida em que foi conivente com os invasores do Capitólio, a 6 de janeiro de 2021, para tentar impedir a nomeação do vencedor Joe Biden. Trump ainda responde por este ato, o que não o impede de, se eleito, assumir a presidência. Depois da Superterça, ocorrida neste dia 5, ficou praticamente definido que Trump e Biden serão, respectivamente, o candidato republicano e o democrata às eleições de 5 de novembro. A tendência é que Trump venha a ser o vencedor, pelo que indicam as pesquisas, que no país são confiáveis, como a realizada pelo instituto Siena College e divulgada pelo jornal The New York Times, que aponta 48% para o republicano contra 43% do democrata. Mas, como a margem de erro é de 3%, este resultado pode se inverter.

Já com relação à Rússia, que terá eleição presidencial nos próximos dias 15 a 17, se pode assegurar que Vladimir Putin será o vencedor, com cerca de 90% dos votos. Não por pesquisas sérias que sejam realizadas, mas por nem se saber quem são seus opositores. Embora estes existam e vou listar. Só que estes são aqueles que não podem ameaçar Putin, porque os que podiam foram eliminados um a um, sendo o último deles Alexey Navalny, que morreu na cadeia poucos dias atrás. Putin está no poder desde 1999 e poderá se reeleger para mais um mandato, que irá até 2030, quando então, de acordo com as mudanças que ele fez na Constituição, poderá se eleger para outro mandato, o que significa que poderá ficar no poder até 2036, quando estará com 83 anos. Não se ouve falar nos seus oponentes, mas eles estarão literalmente figurando na eleição. São três: Leonid Slutsky, 56 anos, que concorre pelo LDPR, Partido Liberal Democrático da Rússia. É presidente do comitê de assuntos internacionais da Duma, a Assembleia Legislativa russa. Nikolay Kharitonov, de 75 anos, integrante do KPRF, Partido Comunista da Federação Russa. Em 2004, ficou em 2° lugar na corrida presidencial, com 13,69% dos votos. E Vladislav Davankov, 39 anos, do Partido Novas Pessoas. Ele é o vice-presidente da Duma e vice-presidente de seu partido. Ficou em 4° lugar nas eleições de 2023 para prefeito de Moscou, com 5,34% dos votos. Por aí já se pode perceber qual o grau de seriedade na sua candidatura. Ou seja, só coadjuvantes para figurar e dar ares de legitimidade para um processo que se sabe viciado.

Outra eleição fictícia que teremos neste ano é a da Venezuela, anunciada nesta terça-feira para ocorrer a 28 de julho. Tal como acontece na Rússia, as principais figuras de oposição foram afastadas do caminho, para que o chavismo, sob Nicolás Maduro, continue no poder. A principal figura da oposição, María Corina Machado, está afastada do pleito. Teve seus direitos políticos cassados por 15 anos, por ter cometido “crime de traição à pátria”, ao ter denunciado a repressão do regime às manifestações populares de 2015, que resultaram na morte de mais de 100 pessoas. Na sua quase totalidade, jovens na faixa dos 30 anos. Aliás, um fator que fez com que os país não deixassem mais seus filhos participarem de protestos contra a ditadura, que afunda o país, com uma inflação de 341%, um salário mínimo de 5,3 dólares e 56% da população na pobreza extrema. Sem contar os mais de 7 milhões que deixaram o país para pelo menos poderem comer nos países vizinhos. Mesmo em meio a tudo isto, não se duvida se o nosso “chanceler do B” Celso Amorim não vá à Venezuela para atestar a “legitimidade do pleito”. Cumpre ressaltar que as eleições presidenciais na Índia, Taiwan, México e África do Sul ocorrem em países onde têm acontecido pleitos sem maiores contestações.


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