Golpe no terror

Golpe no terror

Líder global do Estado Islâmico morre em operação dos EUA

Jurandir Soares

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Tem sido um consenso a afirmação de que quando um presidente dos Estados Unidos está com sua popularidade em baixa ele trata de arrumar uma guerra. Joe Biden está com sua popularidade em baixa, mas segue batendo forte tanto na Rússia quanto na China. Até agora, felizmente para o mundo, não houve nenhuma dessas confrontações. Porém, nesta semana Biden somou pontos perante à população americana e à população mundial que é contra o terrorismo.

Num momento em que as atenções do mundo se voltam para o que pode acontecer com a Ucrânia, diante da possibilidade de uma invasão da Rússia, o terror do Oriente Médio volta a ser destaque. Desta vez, felizmente, não por um atentado, mas pela morte do autor de muitos atentados. Biden anunciou que as forças dos Estados Unidos mataram na Síria o líder global do Estado Islâmico, Abu Ibrahim al-Hashimi al-Qurashi. A notícia surpreende porque há muito tempo não se ouvia falar no Estado Islâmico. E isto se dava porque a organização terrorista perdeu muito sua força, depois de ter chegado a estabelecer um califado em terras da Síria e do Iraque, cuja extensão superava a do território da Jordânia. Perdeu força e terreno, mas ainda vive.

Ocorre que o EI, por suas terríveis ações, conseguiu unir contra ele inimigos que lutavam em lados opostos na Síria, como os EUA e a Rússia. Foram as ações da aviação russa e das tropas norte-americanas apoiadas pelos curdos do Norte do Iraque que dizimaram o EI. Mataram inclusive o seu líder à época, Abu Bakr al-Baghdadi. Este foi morto também por forças americanas, em 2019, numa operação semelhante a esta desfechada nesta quinta-feira na cidade síria de Atme, perto da fronteira com a Turquia. Aliás, al-Qurashi era de origem turca, diferentemente das demais lideranças de grupos terroristas islâmicos que são de origem árabe.

O que impressiona é a capacidade de articulação e de captação de adeptos do Estado Islâmico, grupo cuja característica é a decapitação de quem é considerado inimigo. Como já disse, todos são contra eles. Inclusive os governos da Turquia, da Síria e do Iraque, onde costumam atuar. Mas sempre há um contingente de pessoas que os segue. E esse contingente é arrematado entre as camadas populares mais desamparadas, que vivem na pobreza extrema ou semiabandonadas nos campos de refugiados. Com o dinheiro que recebem de governos, como o do Irã, e dos sequestros e roubos que realizam, além dos contrabandos, ajudam essas pessoas e lhes fazem lavagem cerebral com os princípios mais retrógrados da Sharia, a lei islâmica. Assim, como disse o presidente Biden ao ressaltar a ação dos soldados americanos, a morte de al-Qurashi ajuda a tornar o mundo “um lugar mais seguro”.

 


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