Guerra EUA-Rússia?

Guerra EUA-Rússia?

Uma preocupação de Washington é não se envolver diretamente no conflito.

Jurandir Soares

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A indagação que muitos estão fazendo é sobre o andamento da guerra, tendo em vista que as ações estão se desenvolvendo desde a região do Donbas, no Leste da Ucrânia, até o Mar Negro, ao Sul, e as informações são as mais desencontradas. Se nos basearmos pelo que disseram neste domingo, em encontro em São Petersburgo, os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Alekssander Lukachenko, da Belarus, a contraofensiva da Ucrânia está sendo um fracasso. Porém, se acompanharmos o site Hoje no Mundo Militar, vamos perceber que a Ucrânia sofreu muitas perdas no Sul, mas está avançando, embora lentamente, na região do Donbas. Lembrando que essa é a região que tem uma significativa população de origem russa e que Putin quer tomar para Moscou.

Os conflitos no Sul se incrementaram desde o último fim de semana, quando a Ucrânia bombardeou a ponte que liga o território russo à Crimeia e que tem significativa importância para o abastecimento, em termos de alimentos e armamentos, das tropas russas que atuam em território ucraniano. O fato levou a Rússia a não só não renovar o acordo que dava segurança aos navios que escoavam a produção ucraniana, como também a bombardear os silos do país na cidade de Odessa. Mais um enorme prejuízo para Kiev, que lançou dois drones para atingir navios russos, mas que, segundo Moscou, foram abatidos. Aliás, a Ucrânia também teria lançado dois drones a pontos específicos em Moscou, que também teriam sido abatidos. E a propósito, os Estados Unidos pediram à Ucrânia que não ataque em território russo. Algo difícil de ser aceito, pois o objetivo ucraniano é causar danos em Moscou, de modo a abalar o governo Putin.

Uma preocupação de Washington é não se envolver diretamente no conflito. A propósito, o ataque russo aos silos ucranianos aconteceu a pouca distância de um país membro da Otan, a Romênia. Neste caso, sabe-se que qualquer desvio de rota pode fazer um artefato explodir onde não deve, como neste caso um país da Otan. Vale lembrar que já aconteceram dois incidentes que remetem ao tema. Logo no início do conflito, os russos atingiram uma base de treinamento a apenas 25 quilômetros da fronteira com a Polônia.

Porém, em novembro, um artefato explodiu em uma pequena cidade polonesa, situada próxima à fronteira com a Ucrânia, matando duas pessoas. Inicialmente, houve a acusação de que fora um míssil lançado pela Rússia. Passados uns dias de tensão, veio a informação, verídica ou não, de que se tratou de um míssil antiaéreo ucraniano que acabou caindo em território polonês. Com isto o caso foi sufocado.

Outra informação que vem é da destruição de muitos tanques usados pelos ucranianos. Neste caso se incluem os tanques Leopard 2 de fabricação alemã, assim como os Abrams, de fabricação americana. Isto se deu porque a Rússia, sabendo qual o trajeto que os tanques iriam fazer, colocou minas explosivas em toda a área. Em função disto a Ucrânia passou a atacar com drones. E mudou a estratégia do uso de tanques. Segundo o jornal The New York Times, citando a agência russa TASS, a Ucrânia lançou nesta quarta-feira um ataque em grande escala na região de Zaporizhia, onde situa-se uma central nuclear que está sob o controle das forças russas. A propósito, a Agência Internacional de Energia Atômica alertou, na segunda-feira, que seus técnicos encontraram minas explosivas no entorno da usina. Os ucranianos temem que os russos venham a provocar uma catástrofe explodindo a usina.

Diante dos ataques sofridos pela Ucrânia e dos lentos avanços que tem conseguido, os Estados Unidos voltaram a anunciar nova ajuda ao país, num montante de 400 milhões de dólares. Inclui munições para os sistemas de defesa aérea Patriot e lança-foguetes Himars, além de munições em geral e veículos de artilharia. No entanto, o que poderá fazer a diferença no conflito são os caças F-16 norte-americanos, pelos quais o presidente Zelensky está ansiosamente esperando. Segundo consta, estes aparelhos já estariam na Polônia, onde pilotos ucranianos estariam recebendo treinamento no seu manuseio. Sabendo disto, Putin tentou dissuadir o uso desses aparelhos. Disse que o seu uso representaria uma declaração de guerra à Rússia por parte dos Estados Unidos. Como se isto já não estivesse acontecendo, só que de maneira indireta. De qualquer forma, mais um ponto de tensão nesta indefinida guerra.


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