Guerra se incrementa

Guerra se incrementa

Conflito Israel-Hamas: A Escalada Sem Fim e os Desafios da Região

Jurandir Soares

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Completada a terceira semana, a guerra entre Israel e o Hamas não apresenta perspectiva de término. Sequer de trégua. Os mais recentes acontecimentos apontam para isto. Israel realizando operação por terra e se preparando para a invasão de Gaza. De acordo com o porta-voz das IDF, Forças de Defesa de Israel, contra-almirante Daniel Hagari, o governo está expandindo as operações terrestres em Gaza. Enquanto o Hamas segue com o lançamento de seus foguetes, tendo conseguido atingir, nesta sexta-feira, um prédio residencial em Tel Aviv, a cidade mais populosa de Israel e seu principal centro econômico. Afinal, o Iron Dome, sistema de proteção do país, não consegue abater todos os artefatos lançados pelos inimigos. Uma preocupação a mais para os israelenses, que viram o governo de Benjamin Netanyahu fracassar na proteção aos seus cidadãos, permitindo que a invasão do Hamas, que provocou terror no país, e que poderia durar no máximo meia hora, se estendesse ao longo de quase cinco horas. Afinal, naquele momento Bibi, como é chamado, estava mais preocupado em limitar as atribuições do judiciário, o que, aliás, provocou uma divisão no país. Hoje, após os ataques, os israelenses estão unidos em torno do governo para combater o inimigo maior. Porém, quando a guerra terminar, Netanyahu terá que prestar conta sobre esta negligência. Com o avanço por terra das forças israelenses, crescem as preocupações com a integridade física dos 229 reféns que estão nas mãos do Hamas. Da mesma forma, com as vidas dos civis palestinos. Estes já em grande número sendo abatidos em decorrência dos combates. Todos vítimas indiretas do conflito.

Enquanto isto, o Hezbollah segue lançando seus foguetes a partir do sul do Líbano, o que pode fazer com que Israel tenha que abrir outra frente de combate. O que seria um aumento da tragédia que se vê na região. Afinal, pelo que consta, o Hezbollah é muito melhor armado que o Hamas. Teria um arsenal de 150 mil a 200 mil mísseis. Armamento, evidentemente, fornecido pelo Irã. Não é sem razão que Israel resolveu esta semana bombardear o aeroporto de Alepo, na Síria, porque é por ali que chega a maior parte dos equipamentos de guerra fornecidos pelo Irã, tanto para o Hezbollah como para o Hamas. Uma guerra com o Hezbollah obrigaria Israel a invadir o Líbano, com uma perspectiva de mortes de civis semelhante às que estamos vendo em Gaza. A propósito, os civis é que são as vítimas maiores dos conflitos. Seja por estarem subjugados à uma organização terrorista, como os palestinos de Gaza, seja por seu país abrigar outra organização terrorista, como pode acontecer com o Líbano, ou seja pelos seus governantes não desenvolverem a mínima ação política no sentido de resolver o problema chave da região que é o Estado da Palestina, sendo este o caso dos israelenses.

O pior é que o conflito está se arrastando para a Cisjordânia. A área de maior concentração de palestinos e relativamente tranquila. Isto é outro triunfo do Hamas, pois consegue provocar mortes na área dominada por seu rival, o Fatah, partido que tem a presidência da Autoridade Nacional Palestina, que aceita a existência de Israel e que luta pela constituição de um estado nacional para o seu povo. O Hamas já conseguiu detonar o acordo de paz que estava por ser firmado entre Israel e a Arábia Saudita, o qual incluía a busca de uma solução para a questão palestina. Sempre lembrando que o Hamas não defende a formação de um estado palestino. Quer é a destruição de Israel e a formação em toda a área de um estado fundamentalista islâmico. Uma utopia, mas que está provocando todo este elevado número de mortes que estão acontecendo.

Há que se colocar ainda em todo este rol de preocupações os papéis do Irã e da Rússia. Afinal, o Irã é o grande fornecedor de armas para os fundamentalistas e o regime inspirador destes. E a Rússia tem sido um aliado, a ponto de, nesta quinta-feira, um representante do Hamas e outro do Irã terem se encontrado em Moscou com o presidente Vladimir Putin. Menos mal que o russo está atualmente envolvido com a guerra na Ucrânia e não pode dar maior respaldo. Todavia, em meio a este cenário, não é de se duvidar de uma interferência mais direta do Irã, o que, certamente, arrastaria os Estados Unidos para o conflito, com consequências imprevisíveis. Todo este quadro pintado em meio a uma inoperância da ONU, que não consegue sequer emitir uma resolução que busque uma trégua no conflito. 


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