No Peru, manifestações geram mortes

No Peru, manifestações geram mortes

Jurandir Soares

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A prisão do presidente golpista do Peru, Pedro Castillo, não arrefeceu os ânimos no país. Seus seguidores seguiram protestando contra sua prisão. Protestos estes que resultaram em repressão por parte das forças policiais e, em decorrência, mortes de manifestantes. Ainda nesta segunda-feira tivemos 17 mortos em uma pequena cidade às margens do lago Titicaca. O que fez elevar para ao menos 40 pessoas mortas desde o início das manifestações em dezembro, mas os casos de violência não têm coibido a organização de novos atos. Ao menos 53 trechos de rodovias foram bloqueados nesta terça, segundo as autoridades peruanas. Piquetes que impedem a circulação de veículos foram registrados nas regiões de Puno, Cuzco, Apurímac, Arequipa, Madre de Dios e Amazonas.

Esta repressão violenta por parte das autoridades policiais está levando a pedidos de deposição da atual presidente Dina Baluarte, que era a vice de Castillo, e do primeiro-ministro Alberto Otárula. O Ministério Público abriu investigação contra os dois. Segundo o comunicado do MP, eles são suspeitos dos crimes de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves, cometidos na repressão aos protestos que tomam o país desde a destituição de Castillo, há pouco mais de um mês. Ou seja, a vice presidente, que assumiu para acalmar os ânimos, não conseguiu apaziguar o país e ainda está sendo acusada de genocida. E acusada até por seu ministro de Interior, Cluber Aliaga, o qual disse que tanto o governo de Dina Boluarte como os manifestantes violentos do Sul do país têm responsabilidade sobre a perda de vidas humanas, em que se inclui um policial que foi queimado vivo. Fato que demonstra o grau de violência que assumiram as manifestações no Peru. Em declaração para o jornal “Expreso” ele denunciou que o Executivo não preparou logisticamente os policiais para reprimir as manifestações. Todavia, Aliaga ponderou que uma renúncia da presidente Boluarte não vai acabar com a convulsão social que se estabeleceu no Sul do país.

Um grande impasse para um país que vem mantendo um crescimento significativo de sua economia na última década. Até 2019 crescera a uma média de 5% ao ano. Em 2020, com a pandemia, teve um baque. Seu PIB foi de 11% negativo. Porém, em 2021 já se recuperou, com um crescimento recorde, histórico, de 13,3%. A estimativa para o fechamento de 2022 é de crescimento de 3,3%. Sua moeda, o Sol, vale hoje mais que o nosso Real, pois é cotada a 3,80 por dólar. Um país com esses números e que é um grande exportador de minérios, que produz algodão, batata e milho da melhor qualidade mundial e que tem um setor turístico pujante, que explora sua diversidade territorial que vai do mar, passa pelo Andes e chega até a Amazônia, ainda tem que enfrentar divisão política e violência de manifestantes. 


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