O salto da Índia

O salto da Índia

Os desafios para o país, no entanto, são múltiplos

Jurandir Soares

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Enquanto a economia da China, a segunda maior potência econômica do mundo, entrou em baixa, a da Índia, o país mais populoso do mundo, segue em ascensão, rumo à terceira posição nesse ranking. O país, que neste fim de semana está sediando a reunião do G20, deu um salto nos últimos anos, sob o governo do primeiro-ministro Narendra Modi, o qual tem usado bem esta vitrine da cúpula das maiores economias do mundo para se projetar no cenário internacional. Para aumentar a publicidade resolveu até mudar o nome do país para Bharat. O nome Bharat, que já é usado em algumas circunstâncias, é uma palavra em sânscrito que, de acordo com acadêmicos, já constava em textos hindus antigos. A palavra também significa Índia no idioma hindi. Os defensores da mudança afirmam que a palavra Índia foi uma imposição dos britânicos, que colonizaram o país por cerca de 200 anos, até a independência, em 1947.

Bharat ou Índia, o fato é que essa nação de 1,4 bilhão de pessoas passou a ser um ator importante no cenário internacional. Inclusive na corrida espacial. Tanto que mandou uma sonda à Lua. Em 23 de agosto a nave Chandrayaan-3 pousou no ponto mais próximo do polo Sul da Lua do que qualquer outra espaçonave na história já se aventurou. E, nesta semana, partiu uma outra espaçonave rumo ao Sol. Desde a década de 1950 até a década de 1980, a economia indiana seguia tendências socialistas. A economia se manteve paralisada por regulamentos impostos pelo governo, o protecionismo e a propriedade pública, o que levou a uma corrupção generalizada e a um lento crescimento econômico. Em 1991, se converteu em uma economia de mercado. Esta mudança se deu pouco depois de uma crise aguda no balanço de pagamentos, pelo que, desde então, se pôs ênfase em fazer do comércio internacional e do investimento estrangeiro direto um setor primordial da economia indiana. Durante as últimas décadas a economia indiana tem tido uma taxa de crescimento anual do Produto Interno Bruto, de acordo com o FMI, ao redor de 6,5%, convertendo-se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo.

Os desafios para o país, no entanto, são múltiplos. Como o Brasil, a Índia é um país de imensas desigualdades. Vai de setores de ponta de alta tecnologia a áreas de miséria absoluta. Sem contar uma cultura milenar muito arraigada e atrasada, que ainda divide o país em castas e adota o dote no casamento. Um país onde a vaca ainda é sagrada e intocável. Somam-se a isto problemas estruturais, excesso de fontes de energia suja, ausência de saneamento e problemas na educação básica. Modi assumiu o governo em 2014 e neste período conseguiu alguns progressos significativos, como implantar a digitalização no país e diminuir a criminalidade. Dentre os fatores apontados para o crescimento da Índia nos últimos anos estão as multinacionais instaladas no país. No que toca à tecnologia de ponta, além da aeroespacial, o país se destaca na produção de eletroeletrônicos, agroindustriais, biotecnologia e informática, sendo considerada a maior produtora de softwares do mundo.

Cumpre destacar ainda os problemas que o país tem com seus vizinhos com relação a limites fronteiriços. Com a China na região do Himalaia e com o Paquistão na Caxemira. Com ambos já travou várias guerras. Mas a guerra maior agora se oferece pelo desafio de ter se tornado o país com maior população no mundo e buscando passar de quinta para terceira maior economia do planeta. O lado difícil disso é alimentar todo esse contingente. O lado bom é que há mão de obra abundante e consumidores em profusão. 


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