Os novos rumos da guerra

Os novos rumos da guerra

Jurandir Soares

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A guerra que a Rússia desenvolve na Ucrânia está sendo chamada pelo presidente Volodimir Zelensky de ataques terroristas. E ele tem razão no que afirma. Isto faz com que a guerra esteja assumindo contornos diferentes. Simplesmente, porque a Rússia deixou suas ações por terra contra as forças ucranianas, aonde vinha se dando mal, para passar a fazer ataques com os chamados “drones kamikases” iranianos, os quais não têm precisão e estão atacando fundamentalmente a população civil, atingindo prédios residenciais. Sem contar o sistema energético. Segundo as informações, 30% da rede elétrica ucraniana foi colocada fora de operação. Isto significa que agora, quando se aproxima o inverno, além das mortes a população de mais de mil municípios ucranianos fica sem energia elétrica, sem aquecimento e sem água. Ou seja. Putin, que não consegue derrotar o exército ucraniano, quer fazer a população do país, que não morre pelas bombas, morrer à míngua. Nada mais característico do que crime de guerra. Com o que, se deveria esperar que após o conflito Putin fosse levado a julgamento por um tribunal internacional. Mas, se conhecendo a história recente, é muito difícil que isto venha a acontecer.

Não é sem razão que a União Europeia, reunida nesta segunda-feira, em Luxemburgo, decidiu enviar uma nova ajuda de 500 milhões de euros para a Ucrânia, privilegiando a compra de sistemas anti-mísseis. Para o chefe da diplomacia europeia, o espanhol Josep Borrell, “a Rússia está perdendo esta guerra militarmente, politicamente e moralmente, por isto temos que continuar a apoiar a Ucrânia”.
Enquanto os europeus tomavam esta decisão, um contingente de 9 mil soldados da Rússia chegava a Belarus, sob a desculpa de reforçar a proteção daquele país. Desculpa esfarrapada para mais uma ação de Putin junto com fiel seguidor Alekssander Lukashenko. O qual já deu respaldo para a ação inicial da Rússia quando invadiu a Ucrânia a 24 de fevereiro. Um contingente militar russo partiu da Belarus, atacando a Ucrânia pelo flanco norte. Lukashenko tem a coragem, para não dizer cara de pau, de alegar ameaça da Ucrânia para pedir esta proteção à Rússia.

Na esteira dessa ação, mais uma reação do Ocidente. Foi estabelecido na Polônia um centro de treinamento para bielorrussos que apoiam a causa da Ucrânia e se preparam para entrar na guerra. Não se pode esquecer que o regime da Belarus é uma ditadura que está há mais de 20 anos no poder e que há um contingente significativo da população que quer a destituição de Lukashenko. A Polônia tem servido de abrigo não só para os ucranianos que fogem da guerra, como também para bielorrussos e russos que fogem do regime opressivo de seus respectivos países. E ainda na reunião de Luxemburgo, a União Europeia decidiu oferecer em seus respectivos países treinamento para 15 mil soldados da Ucrânia. Como se observa, a guerra só toma rumos diferentes, mas, segue em frente e longe de uma solução.


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