Por trás do Capitólio

Por trás do Capitólio

Nefasta invasão do prédio do Congresso norte-americano completa um ano

Jurandir Soares

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Esta quinta-feira, 6, marcou um ano da nefasta invasão do Pentágono, o prédio do Congresso norte-americano, por seguidores do então presidente Donald Trump. A intenção, ficou evidente, era impedir a nomeação de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos. Algo inédito na história dos EUA. Afinal, Biden ganhara a eleição por uma diferença de mais de 7 milhões de votos e 74 delegados no Colégio Eleitoral. Uma diferença muito grande para ser derrubada com as contestações que aconteceram com relação aos resultados de determinados estados. Contestações que, diga-se de passagem, foram derrubadas uma a uma. Se havia alguém que poderia se opor ao resultado das urnas nos últimos tempos, esta é Hillary Clinton, que, em 2016, ganhou por mais de 3 milhões de votos populares, mas perdeu no Colégio Eleitoral, que é o que conta no país. E, na ocasião, não houve nenhuma contestação.

Mais de 700 pessoas foram indiciadas pelo episódio do Capitólio. Cerca de 150 já tiveram sentença estabelecida e muitas estão cumprindo a pena. Não se chegou ainda à responsabilidade do ex-presidente, que na ocasião estava na Casa Branca e recebera pedidos de assessores e, inclusive, de seu filho Donald Trump Jr, e de jornalistas da Fox News, para que fizesse uma manifestação pública pedindo o fim das ações no Pentágono. Ações que mancharam a democracia norte-americana e deram margem a que o presidente Joe Biden dissesse em seu pronunciamento de quinta-feira que: "Pela primeira vez na nossa história, um presidente tentou impedir a transição pacífica de poder com uma multidão violenta que atacou o Congresso". E, de fato, o mundo assistiu perplexo a interrupção do último episódio para nomeação do presidente eleito.

A autoria do ataque teria sido de integrantes da direita radical que, na visão de Anne Nelson, historiadora e cientista política da Universidade de Columbia, fazem parte do Council for National Policy (Conselho para Política Nacional), fundado em 1981, com o objetivo de garantir que uma minoria conservadora religiosa estabeleça o controle dos mecanismos eleitorais para capturar o poder. Este assunto ela abordou em seu livro "Shadow Network – Media, Money, and the Secret Hub of the Radical Right" (rede fantasma: mídia, dinheiro e o eixo secreto da direita radical), publicado nos EUA no final de outubro de 2019, o qual ganhou um novo capítulo meses após ao ataque ao Capitólio. Cabe aos investigadores do caso relativo à invasão do Pentágono analisar essa ligação. E, se verdadeira, cabe ao próprio Partido Republicano e as instituições democráticas dos EUA de um modo geral, evitar que tal intento prospere.

E, a propósito, o Partido Republicano tem a oportunidade de recuperar boa parte de seu poder com as chamadas midterms, eleições de meio de mandato, em novembro próximo, quando será renovada a Câmara dos Representantes, três quartas partes do Senado e 36 governadores. Especialmente, se considerarmos que tradicionalmente o partido de oposição vence esse pleito. Afinal, o voto ainda é a maneira legítima de conquistar o poder.

 


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