Tá difícil, Vladimir!

Tá difícil, Vladimir!

Jurandir Soares

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Transcorridos mais de dez meses da guerra da Rússia contra a Ucrânia, a cada dia torna-se mais evidente a dificuldade em que se meteu o presidente russo Vladimir Putin. Até agora está longe de conseguir o que pretendia fazer em duas semanas, como planejara, ou seja, tomar a capital Kiev e destituir Volodymyr Zelensky. O que está acontecendo é uma sequência de revezes por parte da Rússia, como o ataque neste final de semana a uma base que a Rússia havia estabelecido na cidade ucraniana de Makiivka e que teria matado 400 soldados, segundo fontes ucranianas. A Rússia minimiza o número de vítimas, passando para 63, mas admite o ataque. O próprio Ministério da Defesa russo confirmou que a base foi bombardeada com artilharia pesada e de alta precisão. O armamento utilizado seriam os foguetes Himars fornecidos pelos Estados Unidos. Com um raio de ação de 80 quilômetros, esses foguetes tem sido um pesadelo para a retaguarda russa, causando múltiplas interrupções na cadeia de suprimentos.

Segundo relato do jornal El País, vizinhos da base dizem que a detonação foi tão forte que os corpos de soldados russos foram jogados a vários metros de altura. Imagens difundidas por meios de comunicação russos confirmam que o quartel foi arrasado. A agência estatal russa TASS informou, citando autoridades militares de Donetsk, que as forças armadas ucranianas conseguiram identificar e definir o objetivo graças à elevada concentração de sinais de celulares no edifício. Sabe-se que as normas de ambos os exércitos são rígidas para evitar que uma concentração de tropa seja detectada a partir da transmissão de dados móveis ou pelo localização de sinais de GPS dos aparelhos. Este controle russo teria sido rompido pela ação dos serviços de inteligência dos Estados Unidos. Aliás, o que está se percebendo é uma atuação indireta dos EUA no conflito cada vez mais intensa. Tanto em armamentos como, fundamentalmente, nos avançados serviços de inteligência de que Washington dispõe. 

Um detalhe, os soldados que foram mortos em Makiivka seriam integrantes da última leva convocada por Putin para a guerra. Uma convocação que segue gerando protestos em Moscou e que resultou também na fuga de um número expressivo de pessoas que não queriam ir para a guerra. Uma guerra que, segundo foi revelado por uma fonte militar russa ouvida pelo The Guardian, levou soldados para a frente de batalha sem que eles soubessem para onde estavam indo. Enfim, Vladimir Putin deve estar se questionando sobre o que fazer agora, diante da enrascada em que se meteu. 


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