Taiwan sacode relação EUA-China

Taiwan sacode relação EUA-China

Posição que irrita profundamente a China.

Jurandir Soares

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Os Estados Unidos vêm mantendo uma conturbada relação comercial e diplomática com a China, em virtude do expansionismo chinês, especialmente em áreas de influência norte-americana. No entanto, há outro grande problema entre os dois países e diz respeito a Taiwan. A ilha capitalista que a China considera uma república rebelde e quer reanexar. Algo que tem sido motivo de frequentes atritos entre Washington e Pequim e que se renovou nesta semana. Os EUA têm fornecido armamentos para Taiwan e acenado com a possibilidade de defesa da ilha em caso de invasão. Posição que irrita profundamente a China. E nesta quinta-feira, 31, o Departamento de Estado comunicou ao Congresso um pacote de 80 milhões de dólares em armamentos para a ilha. De Pequim veio a advertência de que essa ação, como outras semelhantes, só prejudica a própria ilha e que o “Exército Popular de Libertação irá tomar as medidas necessárias para contrabalançá-las”. 

A questão a respeito de Taiwan começou em 1949, quando Mao Tsé-tung, à frente do Exército Vermelho, entrou em Pequim, tomou o poder e obrigou o então presidente Chiang Kai-shek a se refugiar na ilha. Onde continuou com seu governo capitalista, enquanto o comunismo se implantava no continente. A ilha sempre contou com o respaldo dos EUA, porém, na década de 1970, os norte-americanos estabeleceram relações diplomáticas com Pequim. Mas nunca deixaram de apoiar a ilha, tanto comercial como militarmente. Nos últimos anos a China tem feito manobras militares desafiadoras em torno da ilha, com constantes ameaças de invasão.

A disputa entre EUA e China, embora venha de longa data, incrementou-se no governo de Donald Trump, com a Guerra Fria 2.0 que envolve desde tecnologia 5G até o domínio sobre o mar do Sul da China, passando pela autonomia de Hong Kong e disputas comerciais. E, evidentemente, Taiwan. Desde o último trimestre de 2021 os EUA vêm realizando manobras militares no mar do Sul da China, numa aérea que Pequim entende que lhe pertence, mas que é reivindicada também por seus vizinhos continentais e insulares Vietnã, Malásia, Filipinas, Brunei e Taiwan. Há ainda a preocupação com o fato de a China estar numa ação expansionista econômico-militar, atuando em áreas tradicionais de influência ocidental. Com o seu programa Belt and Road Initiative, considerado a Nova Rota da Seda, a China está financiando obras de infraestrutura pela Ásia, Europa, África e já está chegando à América Latina. São rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. A China financia e constrói. Todos esses fatores têm levado Washington a pressionar Pequim, que, por sua vez, tem reagido.

Recentemente, o porta-voz do Ministério da Defesa chinesa, Wu Qian, alertou que a China estava realizando manobras militares em torno de Taiwan para “evitar influência estrangeira”. E acrescentou que um movimento de independência de Taiwan “será considerado uma declaração de guerra”. Porém, desde a posse de Joe Biden como presidente, navios dos EUA, liderados pelo porta-aviões USS Theodore Roosevelt, manobram no mar do Sul da China para defender a “liberdade dos mares”. As águas em disputa se tornaram mais um motivo de atrito na relação bilateral cada vez mais tensa entre Pequim e Washington. Os militares dos EUA vêm aumentando suas atividades constantemente no local nos últimos anos. Atividades que, como se observa, não cessaram com a mudança de governo, tendo passado para Biden o desafio de como lidar com a China e como defender Taiwan. O que demonstra que os EUA têm para com a China uma política de Estado e não de governo.


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