Trump segue avançando

Trump segue avançando

A estas alturas, Trump já está com 244 delegados, enquanto que sua oponente tem apenas 24. Nas 15 primárias de hoje dos republicanos estarão em jogo mais 874 delegados, que poderão engrossar as fileiras do ex-presidente.

Jurandir Soares

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Hoje é a Super Terça-feira nos Estados Unidos, marco tradicional no processo eleitoral norte-americano, quando 15 estados realizam concomitantemente as primárias com vistas à escolha dos postulantes à indicação do partido para as eleições presidenciais. No que toca aos republicanos, Donald Trump chega a esta data cada vez mais consolidado como o candidato do partido e com crescentes possibilidades de ser o vencedor da eleição de 5 de novembro. Senão, vejamos. Sua principal adversária na indicação do Partido Republicano, a ex-governadora da Carolina do Sul e ex-embaixadora junto à ONU Nikki Haley, chega a estas convenções com uma única vitória, que ocorreu neste final de semana, em Washington. Porém, a capital dos Estados Unidos envia apenas 19 dos 2.429 delegados à Convenção Nacional Republicana em julho, em que o nomeado do partido é formalmente selecionado. A estas alturas Trump já está com 244 delegados, enquanto sua oponente tem apenas 24. Nas 15 primárias de hoje dos republicanos estarão em jogo mais 874 delegados, que poderão engrossar as fileiras de Trump.

A manutenção da candidatura de Haley visa conservá-la em evidência para a eventualidade de Trump ser impedido de concorrer pela Justiça norte-americana. Afinal, pesam contra ele 94 acusações que se acumulam em quatro processos distintos. Vão desde alegações de conspiração para anular uma eleição perdida, até o armazenamento ilegal de documentos confidenciais em sua propriedade na Flórida. Trump foi indiciado por manusear indevidamente documentos ultrassecretos em sua propriedade na Flórida. A acusação alega que Trump repetidamente recrutou assessores e advogados para ajudá-lo a ocultar registros exigidos pelos investigadores e exibiu de forma arrogante um “plano de ataque” do Pentágono e um mapa confidencial. Só no caso dos documentos confidenciais, Trump enfrenta 40 acusações criminais. A acusação mais grave acarreta uma pena de até 20 anos de prisão. No que toca à interferência eleitoral, sofre acusações de conspiração para fraudar o governo dos Estados Unidos e conspiração para obstruir um processo oficial: a certificação do Congresso da vitória de Joe Biden. A acusação afirma que Trump disse repetidamente a seus apoiadores e a outras pessoas que havia vencido a eleição, apesar de saber que isso era falso, e descreve como ele tentou persuadir as autoridades estaduais, o então vice-presidente Mike Pence e o Congresso para anular os resultados legítimos.

Além dos casos criminais, Trump também foi alvo de um processo civil na cidade de Nova Iorque. A procuradora-geral do Estado, Letitia James, argumentou que Trump e suas empresas se envolveram em um esquema que durou anos para enganar bancos e outros com declarações financeiras que inflaram sua riqueza. Além disto, ele será julgado a partir do próximo dia 25 de março por supostos pagamentos irregulares à atriz pornô Stormy Daniels, segundo informou um juiz em Nova Iorque. Trump é acusado de 34 crimes relacionados aos 130 mil dólares que pagou a Stormy durante a campanha presidencial de 2016 a fim de encobrir um caso que tiveram dez anos antes. Pagamento que foi ocultado com a cooperação de seu então advogado, Michael Cohen.

Como bom marqueteiro que é, Trump tem usado suas presenças em tribunais para vitaminar sua candidatura. Se dizendo sempre vítima de conspiração. E no embalo de seu crescimento, recebeu mais uma boa notícia nesta segunda-feira. A Suprema Corte decidiu, de forma unânime, anular a decisão da Corte do Colorado, que o havia declarado inelegível para concorrer no estado. Segundo entendimento da corte, a Justiça estadual não pode barrar candidatos a cargos federais. Decisão que vale para qualquer estado do país, o que significa que Trump está livre para concorrer em novembro.

Para completar o bom início de semana de Trump, veio a pesquisa do Siena College, feita para o jornal The New York Times, apontando que o republicano tem 48% de preferência do eleitorado norte-americano, contra 43% do atual presidente, Joe Biden. O democrata está com seu prestígio em baixa, por questões que envolvem desde a economia, com inflação alta, até a guerra em Gaza, com sua posição cambaleante sobre o tema. Como cambaleante também tem sido seu caminhar, o que faz muita gente temer a concessão de mais um mandato. Contudo, para Trump resta uma advertência: só um entre quatro votantes acredita que o país poderá melhorar, qualquer que seja o vencedor do pleito.


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