Trump tá na área

Trump tá na área

Junto com Trump estão arroladas figuras de peso da política americana

Jurandir Soares

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O ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump e mais 18 parceiros de acusações têm até o próximo dia 25 para se apresentarem à justiça da Georgia, onde respondem por crimes eleitorais, que estão arrolados em um documento de mais de 100 páginas. Dentre eles, pressionar o secretário de Estado republicano da Geórgia para que encontrasse votos suficientes para ele ganhar a batalha eleitoral do estado; assediar um funcionário eleitoral, que enfrentou falsas alegações de fraude; e tentar persuadir os legisladores da Geórgia a ignorar a vontade dos eleitores e nomear uma nova lista de eleitores do colégio eleitoral favorável a Trump. A promotoria arrolou 41 acusações, incluindo declarações falsas, usurpação de cargo público, pressão a testemunhas, além de crimes cibernéticos. Apesar de todas essas acusações, Trump está feliz. Simplesmente porque a diferença dos juízos federais de Nova Iorque, a lei da Georgia prevê que suas audiências, salvo raras exceções, sejam televisionadas. E aí é palco para o grande ator chamado Donald Trump.

Junto com Trump estão arroladas figuras de peso da política americana, como o ex-chefe de gabinete da Casa Branca Mark Meadows; o advogado pessoal de Trump, Rudy Giuliani, e um funcionário do Departamento de Justiça do governo Trump, Jeffrey Clark, que promoveu os esforços do então presidente para desfazer sua derrota eleitoral na Geórgia. Vários outros advogados que conceberam ideias juridicamente duvidosas com o objetivo de anular os resultados, incluindo John Eastman, Sidney Powell e Kenneth Chesebro, foram também acusados. A Procuradora Distrital do Condado de Fulton, Fani Willis, afirmou: “Todos os indivíduos que constam da acusação são acusados de violar a lei RICO (Racketeer Influenced and Corrupt Organizations) da Geórgia através da participação num empreendimento criminoso no condado de Fulton, Geórgia, e noutros locais para atingir o objetivo ilegal de permitir que Donald J. Trump se apoderasse do mandato presidencial com início a 20 de janeiro de 2021”. A promotora chegou a acusar Trump de formar um grupo mafioso, uma “associação de delinquência”.

Trump sempre insistia que queria os 11.780 votos, que entendia serem seus, e que marcaram a diferença de 0,02% da votação a favor de Joe Biden, num estado que sempre votou nos republicanos. O problema é que Trump não teve nenhuma prova que sustentasse seus argumentos. Afinal, nada impede a vitória de um partido em um determinado estado. Depois da apresentação dos acusados, a promotora pretende concluir os processos em seis meses. Ou seja, Trump, que é o melhor colocado nas pesquisas dentre os candidatos republicanos, estará em plena visibilidade, com todos os holofotes voltados para ele, em plena campanha eleitoral. Em uma pesquisa do New York Times/Siena College divulgada a 31 de julho, o ex-presidente dos Estados Unidos aparece na ponta com 54% das intenções de votos nas primárias do partido, com 37 pontos percentuais a mais do que o segundo colocado, o governador da Flórida, Ron DeSantis. 

Esta acusação da Georgia é a quarta que pesa contra Trump, porém, nada disso, nem mesmo uma condenação, o impedem de concorrer à presidência em 2024. Nos Estados Unidos não há lei da “ficha limpa”. E o mais curioso: se Trump for condenado por algum dos crimes e for eleito, como presidente ele poderá promover o seu próprio indulto. Isto, no caso de crime que tenha sido julgado pela Procuradoria Federal. Nos casos estaduais depende do governador do estado. E, neste ponto, a Georgia poderá ser um entrave para Trump, mesmo com um governador republicano, porque a lei do estado impede o governante de conceder perdão. Porém, como sempre há uma saída, esta decisão pode ser tomada por um comitê de juristas.

Assim é que Trump e seus 18 parceiros de acusações têm até o meio-dia, hora local, de 25 de agosto, para se apresentar ao tribunal da Georgia e assistir à audiência em que serão lidas as acusações, sobre as quais se declararão culpados ou não. Seguramente, que Trump, como já fez em ocasiões anteriores, se declarará inocente e vítima de uma campanha que quer impedi-lo de ser o presidente dos Estados Unidos. Tudo diante das câmeras de TV que transmitirão para o país e para o mundo. E tudo dentro de seu roteiro de campanha eleitoral.


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