Ucrânia frente à investida russa

Ucrânia frente à investida russa

Jurandir Soares

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A Ucrânia está desenvolvendo esforços no sentido de passar a fazer parte da União Europeia. Uma tarefa que não é fácil, tampouco rápida, tendo em vista as exigências que são feitas ao pretendente. Diante disto, e buscando uma alternativa, a Europa acena com a possibilidade de um acordo econômico. Seria uma espécie de paliativo enquanto são implementadas as negociações para a adesão efetiva à UE. O interesse dos europeus em concretizar essa aliança é tão grande, como pode ser demonstrado pela delegação que foi se encontrar com o presidente Volodymyr Zelensky, em Kiev. À frente foi a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, acompanhada de 15 comissários europeus, entre os quais os vice-presidentes da União Europeia e mais o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel.

Como o processo de adesão é longo, o grupo propôs um acordo de cooperação, que nada mais é do que uma ampliação da ajuda que vem sendo dada. E isto virá num novo pacote de 50 bilhões de euros, o qual será acompanhado de novas sanções à Rússia. Além disto, estudam a possibilidade de uso pela Ucrânia de bens russos que estão congelados na Europa. Mas, para que tudo isto seja implementado, é preciso que a Ucrânia combata um mal endêmico de muitos países em desenvolvimento: a corrupção. Vale lembrar que há poucos dias houve um expurgo na área governamental, em que se incluiu o vice-ministro da Defesa. Pois agora está ocorrendo um novo expurgo que envolve o próprio ministro da Defesa, Oleksii Reznikov, que será substituído por Kirilo Budanov, até aqui chefe da inteligência militar. A pasta da Defesa foi central em uma série de escândalos recentes, que resultaram no final do mês passado no primeiro expurgo de autoridades suspeitas de corrupção ou má gestão no governo Zelensky. O mote, como sempre, compra de equipamentos superfaturados.

Assim é que Zelensky busca abrir caminho para a integração com a Europa, faz uma limpeza no governo e se prepara para a anunciada grande ofensiva russa por ocasião do primeiro aniversário da guerra. Para este último episódio está pedindo, urgentemente, mais armamentos. Estados Unidos, Alemanha e Suécia já anunciaram o envio de tanques, os mais poderosos que possuem. O problema é que esta entrega não é imediata. Os aparelhos não são novos, portanto, precisam passar por revisão e os ucranianos que vão pilotá-los precisam passar por treinamento. Há ainda o tempo de locomoção. Assim é que a previsão de chegada é em fins de março ou início de abril. Ou seja, mais de um mês depois de 24 de fevereiro, que assinala um ano da guerra, ocasião para a qual está sendo especulada uma grande investida russa. Ou seja, se no campo econômico e de ajuda humanitário Zelensky conseguiu um grande avanço, na área militar a ajuda vem, mas as perspectivas imediatas não são animadoras.

 


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