Um negociador fora da realidade

Um negociador fora da realidade

Mas seu besteirol chegou ao ponto de ser censurado dentro de seu próprio país por outros presidentes sul-americanos.

Jurandir Soares

publicidade

Neste seu novo mandato Lula tem deixado claro que quer é surfar na área internacional. Basta ver o número de viagens que já realizou nestes cinco meses, além da promoção do recente encontro de presidentes sul-americanos em Brasília. Os assuntos internos ele deixou para seus ministros, tanto que está sendo cobrado a agir, depois da derrota do governo na questão do Marco Temporal. Em meio à sua megalomania transparece que quer é ganhar o Prêmio Nobel da Paz. No entanto, pelo que vem falando está muito mais para ganhar o Prêmio Nobel do Besteirol.

Lula já falou um monte de besteiras a respeito da guerra da Ucrânia, a ponto de ser contestado pelas principais lideranças mundiais, a começar pelo presidente norte-americano Joe Biden, terminando no ucraniano Volodimir Zelensky. Mesmo com o elenco de besteiras que proferiu, queria articular um grupo de países para buscar a paz para a Ucrânia.

Mas seu besteirol chegou ao ponto de ser censurado dentro de seu próprio país por outros presidentes sul-americanos. O que se deu pelas manifestações dos presidentes do Uruguai, Luiz Lacalle Pou, e do Chile, Gabriel Boric, depois que Lula achou que estava falando para uma plateia de idiotas ao dizer que a Venezuela é vítima de uma narrativa.

A propósito é sempre bom lembrar que o regime que Hugo Chávez implantou na Venezuela foi pouco a pouco aparelhando todo o sistema. Executivo, Legislativo e Judiciário.

Quando Maduro já estava no poder, a oposição conseguiu romper as amarras e elegeu a maioria para a Assembleia Nacional, o Parlamento do país. Porém, Maduro, autocraticamente, dissolveu a Assembleia Nacional e convocou uma Assembleia Constituinte, para ali colocar os seus fiéis seguidores, posto que os candidatos passavam por um crivo do governo. Em função disto, a população foi para as ruas protestar. Protestos pacíficos, mas o sistema infiltrou os baderneiros para fazer o quebra-quebra e justificar a ação da polícia. E aí a repressão foi brutal, com blindados sendo jogados para cima do povo, enquanto que milicianos armados passavam atirando contra a multidão. Resultado: por medo de ser morto, ninguém mais saiu à ruas para protestar. As cadeias, no entanto, se encheram de presos políticos, no que foram transformados os líderes das manifestações. Segundo a organização Human Rights Watch – HRW: “Desde 2014, ocorreram 15.700 prisões por motivos políticos, e hoje mais de 280 pessoas permanecem detidas por motivos políticos".

Vale lembrar também que a imprensa foi amordaçada no país. Jornais, revistas, emissoras de rádio e TV foram fechados. A “maravilhosa” administração do “Socialismo do século 21” fez com que o país que tem uma das maiores reservas mundiais de petróleo chegasse ao ponto de não ter gasolina nem para seus cidadãos abastecerem seus veículos. Sem contar a falta de gêneros de primeira necessidade nas prateleiras dos supermercados. A inflação se tornou a maior do mundo. Não foi sem razão que sete milhões de venezuelanos abandonaram seu país, em busca de condições para sobreviver nos países vizinhos. Lula não fez nenhum esforço para saber por que a nossa fronteira com a Venezuela por Roraima é invadida diariamente por contingentes de venezuelanos, que para cá veem em busca de sobrevivência. Nem procurou saber também porque essa mesma fronteira se tornou passagem de narcotraficantes, os quais agem com a complacência das forças armadas de seu país. E aí vem a acusação, que talvez seja a mais grave: do conluio entre narcotraficantes, governo e forças armadas da Venezuela.

Esta, presidente Lula, é a real narrativa sobre a Venezuela. Não essa que o senhor tentou aplicar e que foi alvo críticas e de chacotas de todo o mundo, recebendo, como já mencionei, contestações daqueles que o senhor estava hospedando como visitantes. Aliás, outra contestação feita pelo uruguaio Lacalle Pou foi quanto ao fato de Lula convocar uma reunião de presidentes, mas ter feito uma audiência em separado e com maior destaque para o venezuelano Nicolás Maduro. O fracasso de Lula foi tão grande que ele não conseguiu nem rearticular a Unasul – União das Nações Sul-Americanas, como pretendia. Mais um ponto para Lacalle Pou que peitou Lula e disse que uma união dos países da região não pode ter por premissa questões ideológicas, como acontecia com a Unasul. Enfim, Lula vai ter que repensar sua agenda, pois em matéria de política internacional só disse asneiras.


Mais Lidas

Correio do Povo
DESDE 1º DE OUTUBRO 1895